Alckmin passa a gozar de condições as mais favoráveis para fazer campanha; para ele, o tempo para falar com eleitores é fundamental
O evento mais importante da sucessão, até agora, se deu nesta quinta, com a adesão do autodenominado "Centro Democrático" — a quase totalidade do antigo "Centrão" — à candidatura à Presidência do tucano Geraldo Alckmin. Dois partidos já tinham migrado precocemente para as hostes tucanas: PSD e PTB. Juntaram-se ao PPS e ao PV. Agora, Alckmin recebe a adesão de DEM, PP, PRB, PR e SD.
Confirmado o acordo, o tucano passa a ter um verdadeiro latifúndio no horário eleitoral quando comparado a outros postulantes. Contará com 6 minutos em cada bloco de 12min30s. Candidato com o melhor desempenho entre os chamados "partidos de centro", Alckmin está empacado em um dígito. Na sua avaliação, a campanha começa para valer com a propaganda no rádio e na televisão. Daí que as alianças fossem consideradas essenciais.
Estruturalmente ao menos, Alckmin passa a gozar de condições excepcionalmente favoráveis para ir ao segundo turno, numa disputa em que se acredita que os dois finalistas devam atingir uma marca entre 20% e 25% dos votos. O arco amplo de alianças dá ao tucano mais do que tempo: contam-se também a capilaridade e os recursos de campanha, em tempos de dinheiro escasso. É claro que é trabalhoso administrar um arco tão amplo. Mas cumpre indagar: não é isso, afinal de contas, que tem de fazer um presidente da República quando no poder?
A disputa neste 2018 vive circunstâncias inéditas, como sabemos. A descrença na política nunca foi tão grande e tão virulenta. É isso que explica a resiliência de um candidato como Jair Bolsonaro (PSL). Embora parlamentar há 27 anos, com três filhos que também se tornaram políticos, seu discurso encarna justamente a negação da política. Em eleições passadas, a propaganda eleitoral teve peso decisivo na escolha feita pelos eleitores. Vamos ver como será desta vez. Se a experiência se repetir, cresce, e muito!, a chance de Alckmin estar no segundo turno.
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