A reforma passa, pensa Meirelles, porque ou se muda ou se quebra
Existe uma razoável desconfiança nos chamados "mercados" sobre a possibilidade de a reforma da Previdência ser aprovada no ano que vem. Tanto é assim que os juros futuros estão em ascensão, não em queda. Na entrevista que concedeu ao programa "O É da Coisa", o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles disse por que, ainda assim, está confiante na aprovação do texto, ainda que seja no ano que vem.
O ministro lembrou que as despesas com a Previdência já consomem 50% do Orçamento. Considerando-se outros itens da seguridade, esse percentual passa de 55%. E, aí, ele é apenas realista: "Em 10 anos, um pouco mais, isso vai chegar a 80%. Significa o quê? Não vai haver recurso para a saúde, não vai haver recurso para a educação, não vai haver recurso para a segurança e não tem recurso para emenda parlamentar. Acontece o quê? Fica inviável a administração do país se a Previdência continuar nessa evolução avassaladora de despesas. Então, passa a ser, cada vez mais, algo que todos começam a entender".
O ministro lembra ainda um dado fundamental: os mais pobres nem sequer serão tocados pelas mudanças. Hoje, o trabalhador sem direito a nenhum regime especial se aposenta ou com 35 anos de contribuição ou quando fizer 65 de idade — o que acontecer primeiro. A esmagadora maioria dos pobres acaba se aposentando por idade, não por tempo de contribuição.