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Reinaldo Azevedo

Amoêdo luta para ser Bolsonaro Nutella. Onde estava quando banqueiros idolatravam Lula, embora desastre fosse certo? Ficava mais rico!

Reinaldo Azevedo

04/09/2018 16h37

João Amoêdo: onde estava quando os bancos consideravam o Lula o seu Midas? Posso dizer onde eu estava.

Quem recorreu ao TSE contra a propagada do PT que promete "a volta do Brasil de Lula" foi o Partido Novo, de João Amoêdo, aquele que é favorável ao armamento, como Jair Bolsonaro, mas com um coldre chique, por favor! De couro de lontra da Polinésia. Coisa de gente ideologicamente limpinha. Do Novo!

Sei lá se existe lontra na Polinésia… Como diria Jair Bolsonaro, é uma figura de linguagem, pô!

Curioso! Amoêdo, da cúpula de um dos maiores e poucos bancos do país, jamais soltou um pio contra o petismo antes do desastre. E ele estava sendo fabricando enquanto os bancos aplaudiam o modelo.

Aliás, "a volta do Brasil de Lula", se fosse possível, seria um verdadeiro paraíso para esta categoria tão restrita de brasileiros. Eles adoravam o PT. Antonio Palocci era seu candidato a comandar o Brasil. O homem continuou influente mesmo depois de cair em desgraça pela segunda vez.

Eu não considerava o país uma maravilha. Basta ver tudo o que escrevi no período. Basta ver os livros que publiquei. Mas os banqueiros gostavam muito.

Não quero, "juros"!, chocar a turma do Partido Novo, que tem em Amoêdo o seu guia. Mas o que dizia o então chefão de banco (um deles) — dono de uma fortuna de meio bilhão de reais — sobre o regime da companheirada?

Antes de ser tomado por esse furor cívico, que põe seu partido na dianteira nas ações contra os programas do PT, o que dizia Amoêdo? Eu não me lembro de vê-lo na linha de frente da crítica ao modelo petista. Se, deixe-me ver, entre 2006 e 2012, eu tivesse ido procurá-lo para saber se o banco de que era capa-preta não queria patrocinar um blog liberal, levaria a porta na cara, creio. Com delicadeza. Nada de imitar uma arma com a mão. Isso é coisa de gente grossa, de "bolsonarismo raiz". Estamos no reino do "bolsonarismo Nutella".

Pronto! Comecem os xingamentos.

Um "Brasil de Lula" que fosse trazido de volta, vamos convir, seria aquele em que Amoêdo acumulou parte de sua invulgar fortuna.

É claro que isso se deu também em razão do seu talento. No mesmo Brasil lulista e com as mesmas oportunidades, outros não ficam tão ricos. O dono do Novo demonstrou que ele soube monetizar o petismo com mais talento do que seus pares ou concorrentes.

Continuem os xingamentos.

Nota: Se houver alguma manifestação do então cracaço do mercado alertando para o fato de que o país caminhava para o abismo fiscal, retiro este post, fecho o blog e tento arrumar uma vaga de faxineiro de banco.

Achou o post "meio esquerdista"? Quer me dar aula de liberalismo? Indicar uns livrinhos? Quem sabe me ensinar a enfrentar o PT, né?

Sobre o autor

Reinaldo Azevedo, que publicou aqui o primeiro post no dia 24 de junho de 2006, é colunista da Folha e âncora do programa “O É da Coisa”, na BandNews FM.

Sobre o blog

O "Blog do Reinaldo Azevedo" trata principalmente de política; envereda, quando necessário — e frequentemente é necessário —, pela economia e por temas que dizem respeito à cultura e aos costumes. É uma das páginas pessoais mais longevas do país: vai completar 13 anos no dia 24 de junho.