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Reinaldo Azevedo

BC corta juros, e taxa Selic cai a 7%, menor patamar nominal da história; com inflação abaixo de 3%, juro real ainda é muito alto

Reinaldo Azevedo

06/12/2017 18h38

Na Folha:

Na última reunião do ano, o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) decidiu, nesta quarta (6), cortar a taxa básica Selic em 0,5 ponto percentual, para 7% ao ano, levando o juro a seu menor patamar histórico.

Foi a décima redução seguida do juro básico. A decisão, unânime, veio em linha com a expectativa dos 49 economistas ouvidos pela agência Bloomberg, que esperavam corte de 0,5 ponto percentual. Também ficou de acordo com os 7% estimados pelo Boletim Focus, do Banco Central.

A queda de 0,5 ponto percentual representou nova redução do ritmo de corte do Banco Central –no encontro de outubro, a Selic tinha caído 0,75 ponto percentual. Desde abril, quando o juro caiu de 12,25% para 11,25% ao ano, o Copom vinha promovendo cortes de um ponto percentual.

No comunicado divulgado após a decisão, o Copom indicou que uma nova redução da taxa básica de juros pode ser "adequada" caso o cenário econômico evolua conforme a expectativa do BC.

Segundo o BC, o comportamento da inflação permanece favorável, mas avalia que há riscos, entre eles efeitos do choque favorável nos preços de alimentos e a frustração das expectativas sobre a aprovação das reformas.

"O Comitê enfatiza que o processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira contribui para a queda da sua taxa de juros estrutural. As estimativas dessa taxa serão continuamente reavaliadas pelo Comitê", disse em nota.

A queda desta quarta ocorreu em um cenário de inflação sob controle, mas diante de uma economia que ainda não demonstra sinais firmes de recuperação.

O IPCA (índice oficial) de outubro mostrou avanço de 0,42%, o maior índice desde agosto do ano passado. Ainda assim, a inflação em 12 meses acumula alta de 2,7%.

Novos reajustes de tarifas de energia e combustíveis e o fim da safra de alimentos devem manter, em novembro, a pressão sobre os preços. O centro de expectativa de analistas da Bloomberg é de alta de 0,35% —2,88% em 12 meses.

Com isso, o indicador caminha para fechar o ano abaixo do centro da meta do Banco Central, que é de 4,5%.

A queda dos juros também deve ajudar a impulsionar a economia, após um terceiro trimestre de quase estabilidade. O PIB (Produto Interno Bruto) cresceu 0,1% no terceiro trimestre e ficou praticamente estável em relação aos três meses imediatamente anteriores.

Ainda assim, é o terceiro trimestre seguido de resultado positivo. O resultado veio um pouco abaixo do previsto pelos analistas, que esperavam uma alta de 0,3%. No entanto, o IBGE revisou o desempenho do PIB em trimestres anteriores, puxando para cima o resultado da economia no acumulado do ano.

Em relação ao terceiro trimestre do ano passado, o PIB cresceu 1,4% entre julho e setembro deste ano. Neste ano, até setembro, a expansão é de 0,6%. Antes da divulgação deste resultado, a expectativa dos analistas era de um crescimento do PIB de 0,7% em 2017.

No ano, segundo o Focus, a economia brasileira deve crescer 0,89%.

Sobre o autor

Reinaldo Azevedo, que publicou aqui o primeiro post no dia 24 de junho de 2006, é colunista da Folha e âncora do programa “O É da Coisa”, na BandNews FM.

Sobre o blog

O "Blog do Reinaldo Azevedo" trata principalmente de política; envereda, quando necessário — e frequentemente é necessário —, pela economia e por temas que dizem respeito à cultura e aos costumes. É uma das páginas pessoais mais longevas do país: vai completar 13 anos no dia 24 de junho.