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Reinaldo Azevedo

“Ceder à gritaria das redes sociais é ruim sob  qualquer perspectiva”, diz William Waack em entrevista à Folha

Reinaldo Azevedo

16/01/2018 16h06

Por Cristina Padiglione:
Após romper o silêncio com o artigo publicado na Folha ("Não sou racista, minha obra prova" ), o jornalista William Waack diz em entrevista que estuda propostas para voltar a trabalhar em breve, após um período de férias. "Eu me sinto livre de um peso, com horizontes amplos e avenidas abertas", afirmou, em conversa por telefone.

No dia 8 de novembro passado, veio à tona o áudio de um comentário feito por ele um ano antes, atribuindo a "coisa de preto" o buzinaço ouvido do local em Washington onde ele e o comentarista Paulo Sottero conversariam sobre a eleição presidencial que resultou na vitória de Donald Trump. Em seu artigo, Waack sustenta que fez uma "piada idiota", reforçando que não é racista.

Na entrevista a seguir, ele fala ainda sobre o ônus de nunca ter sido "um profissional que jogasse para a torcida, no sentido de atuar para angariar aplausos".
*
Folha – Em seu artigo, você diz que a Globo cedeu a grupos de pressão organizados na internet. No seu caso eram grupos identitários. Como você diferencia as demandas legítimas desses grupos dos excessos que você aponta?
William Waack
 – Eu não disse que a emissora cedeu. Eu afirmo que a revolução digital coloca empresas tradicionais em situação complicada, diante de desafios difíceis: Não foram apenas grupos identitários, mas grupos políticos organizados também. A questão não é o que eles defendem, mas, sim, como empresas grandes na era da revolução digital encontram equilíbrio diante da contestação que sofrem através de redes sociais.

Como os meios de comunicação devem enfrentar esse fenômeno sem ter seus interesses comerciais afetados pela ação desses grupos?
Interesses comerciais são legítimos, e os defendo. Para lidar com esse desafio são necessários visão estratégica e coragem para enfrentar momentos adversos, como a contestação ao papel dos próprios veículos.

Acho que ceder à gritaria é ruim sob qualquer perspectiva em qualquer lugar, especialmente num período de crise política e rápidas transformações, como vivemos. O mais preocupante não é o que grupos organizados fazem para destruir órgãos de imprensa, mas sim a percepção cada vez mais abrangente, por parte do grande público, de se sentir "órfão" em relação aos tradicionais guardiães da "verdade dos fatos".

Além, o que é pior ainda, dessa percepção se ampliar ao ponto de muita gente atribuir a grupos grandes um papel na manutenção de padrões de miséria intelectual e pobreza política no nosso País, pois assim prosperam melhor. Estamos falando de percepções, evidentemente.
(…)
Leia a íntegra aqui

Sobre o autor

Reinaldo Azevedo, que publicou aqui o primeiro post no dia 24 de junho de 2006, é colunista da Folha e âncora do programa “O É da Coisa”, na BandNews FM.

Sobre o blog

O "Blog do Reinaldo Azevedo" trata principalmente de política; envereda, quando necessário — e frequentemente é necessário —, pela economia e por temas que dizem respeito à cultura e aos costumes. É uma das páginas pessoais mais longevas do país: vai completar 13 anos no dia 24 de junho.