Ciro pode estar arrependido de ter faltado ao comício de Lula antes de ser preso; fez aposta errada; persiste chance de aliança
Do seu ponto de vista, o PT faz bem em esticar a corda ao máximo e manter Lula candidato, ainda que encarcerado. A cada dia que seu nome resiste nas pesquisas, aumenta o poder de fogo do PT. Solto ou preso, ele é o principal fator da disputa. Se chegar a junho vencendo todos os seus adversários no segundo turno e, por óbvio, ainda inelegível, então a sua indicação poderá, com efeito, definir a disputa de segundo turno.
Faço, por exemplo, uma aposta. Ciro Gomes (PDT) certamente se arrependeu de não ter estado no último palanque de Lula, aquele do dia anterior à prisão. E não me refiro ao desempenho do pedetista na pesquisa — 5% quando o ex-presidente está na lista e 9% quando não está. Resta evidente que o ex-governador do Ceará fez uma leitura errada do jogo. Deve ter pensado na rejeição do eleitorado de classe média etc. Ok. Mas essa turma, tudo indica, tem muitas outras opções que não o seu nome. Caso Ciro venha a fazer um acordo com Lula e se torne o seu ungido — parece pouco provável hoje, mas está longe de ser impossível —, tem-se uma aliança da alta octanagem.