Ridicularias: Após fazer de Temer nº 1 de Joesley, PF e MP tentam o “Temer nº 1 da Petrobras”
Rodrigo Janot, procurador-geral da República, já disse como são as coisas: enquanto houver bambu, há flecha. Foi o que ele afirmou numa entrevista concedida em congresso da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo. A imagem não deixa de ser boa porque faz lembrar algo sorrateiro, que se fabrica nas sombras. E podem crer que mais coisa vem por aí.
Em decisão tomada na sexta, lançada só hoje no sistema do STF, a Polícia Federal pede que o presidente Michel Temer e os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (secretaria-geral) sejam incluídos num inquérito que apura se integrantes do PMDB formaram uma organização criminosa para desviar recursos da Petrobras e de outros órgãos públicos.
E por quê? A PF passou ver tal necessidade a partir dos depoimentos de Joesley Batista, o homem mais impune do Brasil, e de Lúcio Funaro, que está começando a trilhar o caminho que o leva ao berço do herói. Delator, por natureza, não é coisa que preste, certo? E de múltiplos modos, com destaque para dois: 1) não presta porque só pode ser delator quem é criminoso; 2) não presta porque é alcagueta, que é um defeito de caráter que soma covardia e deslealdade. É gente desse calibre moral que define hoje os destinos da elite política brasileira ou do que restou dela.
Alguém imagina o contumaz Lúcio Funaro tomado, subitamente, de pruridos cívicos, com aquela comichão (sim, o substantivo é feminino) cidadã de que só ele é capaz, a denunciar este ou aquele? Vamos lá. Vamos imaginar um acirramento da crise política porque um bandido contumaz, que já foi flagrado no mensalão, agora decide denunciar…
É impressionante! Hoje, são esses caras que estão a escrever a história do Brasil. O Ministério Público Federal e a Polícia Federal lhes conferem o papel de narradores. E há os tontos que aplaudem e que ainda juram que estamos no bom caminho.
Ora vejam! Até havia pouco, a ideia era fazer de Temer, como é mesmo?, o "número 1" na relação com Joesley Batista — e o senador Aécio Neves seria o nº 2, o que é piada. Aliás, foi o próprio açougueiro de instituições que recorreu a esse ranking. No estoque das flechas de bambu, como se vê, há uma destinada a transformar o presidente, agora, num dos chefões da corrupção na Petrobras.
É um despropósito. Tudo isso é parte do cerco a Temer, ao qual ainda voltarei. Nunca se viu nada assim.
Ah, bem: tudo vai depender do teor de senso de ridículo com que a coisa vai ser recebida. Se parecer tudo de rigor, é claro que Janot dará opinião favorável à inclusão dos nomes no inquérito. E, parece-me, Fachin tende a aceitar. Afinal, ele é um dos protagonistas dessa patuscada que só interessa à esquerda.
E aqui vai uma nota: se interessasse aos vermelhos e fosse legal, eu lamentaria, mas indagaria: "Fazer o quê?"
Não é o caso, como se sabe.