Contra fim do auxílio-moradia, Ajufe convoca paralisação nacional
Não canso de contar a estranheza que sinto quando vejo o Judiciário decidir sobre privilégios de que gozam seus próprios membros. No caso, um dos penduricalhos que fazem os salários subir a níveis incomuns até para o exercício do Direito na iniciativa privada: o auxílio-moradia. São R$ 4.377,73 mensais de que dispõem juízes e membros do MP, proprietários ou não de imóveis nas cidades em que trabalham. Comento mais tarde o que leio no Painel, da Folha:
A diretoria da Ajufe (Associação de Juízes Federais do Brasil) decidiu na madrugada desta quinta (22) convocar uma paralisação da categoriapara o dia 15 de março. A ameaça de uma reação da classe ao Supremo foi antecipada no Painel, por Julia Chaib.
A greve será referendada em votação virtual dos 2.000 associados da entidade ao longo do dia. O presidente Roberto Veloso também marcou uma assembleia extraordinária para decidir sobre uma greve por tempo indeterminado a partir de 3 de abril.
O encontro acontecerá em 23 de março, um dia depois do julgamento no STF (Supremo Tribunal Federal) que pode extinguir o auxílio-moradia. Os 28 diretores da Ajufe, além de todos os associados, terão de votar.
Nesta quarta (21), a presidente do Supremo, Cármen Lúcia, decidiu que o plenário da corte julgará em 22 de março o auxílio-moradia pago a juízes de todo o país.
A ministra foi acusada de ter sido seletiva: mirou a Justiça Federal, mas ignorou ação sobre penduricalhos de tribunais estaduais.