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Reinaldo Azevedo

Dallagnol e Carlos Fernando se juntam às esquerdas nas sandices. PGR também ataca intervenção. Eis os heróis da direita xucra

Reinaldo Azevedo

21/02/2018 06h51

O procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força tarefa da Lava Jato, comporta-se, mais uma vez, como um bandoleiro das instituições e faz um ataque ao Congresso Nacional que, em qualquer democracia do mundo, renderia a alguém na sua posição a exoneração do serviço público. Por aqui, nada vai acontecer. Ele seguirá recorrendo à redes sociais para disparar suas molecagens, suas irresponsabilidades e seus juízos baratos sobre a política e os políticos.

Esse rapaz é um espertalhão. Ele resolveu arrumar um inimigo muito maior do que ele como figura histórica: Lula. Independentemente do juízo que se possa fazer sobre o ex-presidente, estamos a falar de alguém que ganhou projeção mundial, presidiu o país duas vezes, que comanda um dos maiores partidos do país. Você pode até achar que ele tem de ir para a cadeia. Mas ele é alguém, e Dallagnol é um rapazola arrogante, linguarudo, estupidamente ignorante em política e que padece de egolatria. Seu ataque a Lula, no entanto — refiro-me ao episódio do PowePoint — rendeu-lhe uma espécie de imunidade. Se for punido por alguma medida do MPF, dirão que assim é só porque ele mexeu com um poderoso.

É claro que gente como ele só prospera porque as respectivas Presidências da Câmara e do Senado se acovardam. Afinal, todos têm medo do Ministério Público, certo?

Por que isso tudo? Dallagnol, a exemplo da quase totalidade dos procuradores, é contra a intervenção federal no Rio. Referindo-se à polêmica do mandato coletivo de busca de apreensão — e ele é contra também essa medida, para felicidade dos bandidos —, disparou a seguinte delinquência:
"Se cabem buscas e apreensões gerais nas favelas do Rio, cabem também nos gabinetes do Congresso. Aliás, as evidências existentes colocam suspeitas muito maiores sobre o Congresso, proporcionalmente, do que sobre moradores das favelas, estes inocentes na sua grande maioria".

Vocês sabem que acho que é preciso votar uma lei mudando o Código de Processo Penal para que os mandados coletivos não esbarrem em nenhuma ambiguidade. Mas esse é o debate técnico. Dallagnol, que ainda estuda se candidatar ao Senado, está fazendo apenas política rasteira. E está contando, ademais, duas mentiras:
1: no Congresso, não caberiam os mandados coletivos pela simples e óbvia razão de que os respectivos endereços na Casa de todos os deputados e senadores são conhecidos;
2: a Polícia Federal, acompanhada do Ministério Público e com autorização judicial, já realizou mandado de busca e apreensão até no gabinete do presidente do Câmara, a exemplo do que aconteceu com Eduardo Cunha em maio de 2015.

Vale dizer: o Congresso já passou por esse constrangimento — este, sim, tendente a agredir a institucionalidade.

Ah, mas vamos convir, não é? O janota do pega-pra-capar realiza seu sonho dourado. Nos seus delírios de poder, deve se ver a comandar um tanque contra as dependências do Congresso Nacional.

A verdade é que Dallagnol resolveu se juntar com a esquerda mais rombuda na oposição à intervenção no Rio. Carlos Fernando, que é o seu Leoporello mais mal ajambrado, cometeu o ridículo, num artigo na Folha, de comparar a intervenção com a, pasmem!, guerra do Vietnã e com a ocupação das Malvinas pela Argentina. Lá se lê:
"Tentativas semelhantes de intervenções militares contra inimigos comuns, como a Argentina nas Malvinas e os Estados Unidos no Vietnã, após o entusiasmo inicial despertado, resultaram no gosto amargo do revés político e militar. Não se pode enganar a todos o tempo todo."

Parece-me evidente que já estamos diante de uma manifestação de duvidosa sanidade mental.

Nota da PGR
E não é apenas a dupla do barulho que resolveu se meter em seara que não é a sua. A própria Procuradoria Geral da República se manifestou contra a intervenção, evidenciando que o Ministério Público pretende mesmo ser o único Poder da República.

Essa gente conduziu o país à beira do abismo. E, como se nota, reage à menor tentativa dos Poderes da República de nos devolver à normalidade democrática.

Ah, meus caros, sei bem o quanto apanhei quando comecei a bater nesses projetos de ditadores. Os idiotas se ajoelhavam aos pés da turma. Afinal, não é?, Dallagnol é aquele que fez o aloprado e ilegal PowerPoint contra Lula. E isso o tornou herói da direta xucra.

Agora ele resolveu se juntar à esquerdalha contra a intervenção…

Vão lá, direitistas que zurram e relincham, lamber as botas do janota despudorado.

 

Sobre o autor

Reinaldo Azevedo, que publicou aqui o primeiro post no dia 24 de junho de 2006, é colunista da Folha e âncora do programa “O É da Coisa”, na BandNews FM.

Sobre o blog

O "Blog do Reinaldo Azevedo" trata principalmente de política; envereda, quando necessário — e frequentemente é necessário —, pela economia e por temas que dizem respeito à cultura e aos costumes. É uma das páginas pessoais mais longevas do país: vai completar 13 anos no dia 24 de junho.