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Reinaldo Azevedo

Datafolha 2: Lida de modo que acho impróprio, pesquisa pode levar à conclusão de que cerco da Lava Jato a Temer é só lateral em desgaste

Reinaldo Azevedo

14/06/2018 07h02

A pesquisa Datafolha sobre as razões da insatisfação da população com o presidente Michel Temer, se lida de um jeito que considero inconveniente, errado mesmo, acaba induzindo o observador a achar que o cerco armado contra Temer pelo MPF, pela PF e pelo STF tem pouca relevância na rejeição ao presidente. Os números certamente são verdadeiros — vale dizer: as pessoas disseram o que vai na pesquisa —, mas a conclusão é falsa.

Há pouco mais de um ano, quando veio à luz a patuscada estrelada por Rodrigo Janot, Joesley Batista e Edson Fachin, a impopularidade de Temer disparou: 67%. O presidente não teve mais um dia de sossego. Vieram as duas denúncias, os inquéritos, as agressões a seus direitos constitucionais etc. Vimos, por exemplo, nesta quarta a PF vazar um relatório em que volta a acusar o presidente de ter comprado o silêncio de Eduardo Cunha. Coisa nova? Não! Era ainda aquela gravação de Joesley, já desmoralizada pelos fatos.

A economia exibia sinais robustos. Viramos de 2017 para 2018 com uma perspectiva de crescimento acima de 3%. A crise política se encarregou de corroer a recuperação. Mais: aqueles episódios mandaram pelos ares a reforma da Previdência, que, num país em recuperação, poderia ter dado início a ciclo novo de crescimento. Foi tudo pelos ares.

Mérito a quem tem, gente! MPF, PF e setores do Judiciário passaram a depredar o governo e, com ele, a recuperação da economia. E chegamos aos 82% de rejeição. Não é a economia, não! É a política mesmo!

Sobre o autor

Reinaldo Azevedo, que publicou aqui o primeiro post no dia 24 de junho de 2006, é colunista da Folha e âncora do programa “O É da Coisa”, na BandNews FM.

Sobre o blog

O "Blog do Reinaldo Azevedo" trata principalmente de política; envereda, quando necessário — e frequentemente é necessário —, pela economia e por temas que dizem respeito à cultura e aos costumes. É uma das páginas pessoais mais longevas do país: vai completar 13 anos no dia 24 de junho.