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Reinaldo Azevedo

Denúncia contra Temer: maiores trânsfugas são PSDB e PPS; PSD e SD também fazem feio

Reinaldo Azevedo

03/08/2017 08h28

A vitória do presidente Michel Temer foi folgada, mas isso não implica que, com alguma normalização, ele não deva procurar recompor a base. Houve, sim, um número considerável de defecções entre os partidos que pertencem oficialmente à base de apoio: 87 votos. Não considero nessa contagem o PSB, que já se declarou independente, embora mantenha um ministério (Minas e Energia). Com os socialistas (20 votos contra o presidente), o número subiria para 107.

Em números absolutos, o partido que mais traiu foi o PSDB: 21 de 47 votos (44,6%) votaram contra o presidente. Não custa lembrar: a sigla tem os ministérios das Cidades (Bruno Araújo), das Relações Exteriores (Aloysio Nunes), Direitos Humanos (Luislinda Valois) e Secretaria de Governo (Antonio Imbassahy). Percentualmente, o maior trânsfuga é o PPS, com índice de infidelidade de 90%: deu 9 de seus 10 votos contra Temer. A pasta tem Ministério da Defesa. É bem verdade que Raul Jungmann pertence, de fato, à cota pessoal de Temer.

O PSD, com o ministério das Comunicações (Gilberto Kassab) também não fez bonito. Conta com 38 deputados. Nada menos de 14 (36,8%) resolveram se rebelar. Percentualmente, fez pior o Solidariedade, de Paulinho da Força: deu 6 de seus 14 parlamentares (42,9%) para a causa "Fora, Temer". O PRB, partido ligado à Igreja Universal, não pode se orgulhar da fidelidade àquele que deu à legenda o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (Marcos Pereira): 7 de seus 23 assentos (30,43%) resolveram se juntar à oposição.

Com 10 deputados, a infidelidade do PSC foi de 40% — 4 de 10 votaram contra o relatório que beneficiava Temer. O líder do governo no Congresso é André Moura (CE), que pertence à legenda.

No alto, segue uma tabela feita pelo site da revista "Exame" sobre os votos de cada partido.

Você queria porque queria que a denúncia recebesse o sinal verde da Câmara. Seu lugar nem é o PDT, que é de oposição, mas deu um voto a Temer. Seu lugar é mesmo o PT, o PCdoB, o PSOL e a Rede.

 

Sobre o autor

Reinaldo Azevedo, que publicou aqui o primeiro post no dia 24 de junho de 2006, é colunista da Folha e âncora do programa “O É da Coisa”, na BandNews FM.

Sobre o blog

O "Blog do Reinaldo Azevedo" trata principalmente de política; envereda, quando necessário — e frequentemente é necessário —, pela economia e por temas que dizem respeito à cultura e aos costumes. É uma das páginas pessoais mais longevas do país: vai completar 13 anos no dia 24 de junho.