Depois de tudo, um cenário provável é mesmo a disputa entre PT e PSDB, a exemplo do que se vê há 24 anos; nada, pois, de “nova política”
A adesão dos chamados "partidos de centro" ao tucano Geraldo Alckmin o coloca, no ponto de vista estrutural ao menos, no topo da cadeia alimentar da política. Mas, claro!, o que conta é a vontade soberana do eleitorado. Vamos ver o que o candidato vai fazer dessa vantagem. No horário eleitoral, será ele, de longe, a contar com mais tempo: seis minutos em cada um dos dois blocos de 12min30s. Para comparar: se não conseguirem se coligar com ninguém, o PT terá 1min35s; e o MDB, 1min26s. Se fechar um acordo com o PSB, Ciro Gomes (PDT) somará 47 segundos a seus 33 segundos: 1min20s ao todo. Com sorte, pode se juntar ao PCdoB de Manuela D'Ávila, o que lhe garantiria mais 17 segundos. Até a semana passada, quem parecia perto de se aproximar dos seis minutos era Ciro.
Notem: depois do aluvião da Lava Jato; depois de toda retórica que se exercita nas redes sociais contra os chamados "partidos tradicionais"; depois de toda pregação e proselitismo virulento do Ministério Público Federal contra o establishment político, a verdade é uma só: caso Lula pudesse disputar, este 2018 assistiria, muito provavelmente, a um embate entre… PSDB e PT, a exemplo do últimos 24 anos. Em 1994 e 1998, FHC venceu no primeiro turno, mas Lula ficou em segundo lugar. Nas quatro eleições seguintes, o PT levou no segundo turno, sempre disputando com um tucano. Aliás, que se note: se o petista estivesse na parada, esse tal "centro" teria se unido muito antes.
É curioso: dadas as legendas que prometem seguir com Alckmin — PSD, PTB, PPS, PV, DEM, PP, PRB, PR e SD —, só o DEM não integrou a bancada de apoio nos governos Lula, Dilma ou ambos. E todas, sem exceção, também deram sustentação a Michel Temer. De muito expressivo, está ausente o MDB, que deve ter um candidato próprio: Henrique Meirelles.
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