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Reinaldo Azevedo

Dodge, mande investigar Janot! Ex-titular da PGR some com R$ 100 bi apontados por Dallagnol

Reinaldo Azevedo

23/10/2017 17h15

Rodrigo Janot, o afundador-geral da República. E não é que ainda o chamam para palestra?

Ainda há quem chame Rodrigo Janot para dar palestras? Segundo leio, sim! Jogou seu trololó na faculdade Ibmec, em Belo Horizonte. Espero que tenha sido, ao menos, de graça, garantindo, claro, a passagem e hospedagem em hotel sem WI-FI e café da manhã. E com chuveiro elétrico, mas daquele turbo, sabem? Metade dos orifícios por onde deveria escorrer, generosa, a água está estupida. Ah, tenha dó. Aliás, o que espera Raquel Dodge para agir? Por que o ex-procurador-geral da República ainda não é um investigado? Mais — vai aqui uma denúncia grave: o ex-procurador-geral deu sumiço em R$ 100 bilhões em dinheiro de corrupção. Quem o prova é Deltan Dallagnol. Explico tudo.

E tudo porque ele tentou combater a corrupção? Não! Porque ele desrespeitou as regras que regulam o trabalho de um Procurador-geral da República. Janot não declarou, em documento de fé pública, que o primeiro contato com os diretores da JBS para o acordo de delação se deu no dia 17 de março e que os termos só foram firmados no dia 27? Pois bem: Francisco de Assis Silva, advogado e um dos delatores do grupo diz que não! As conversas foram iniciadas no dia 20 de fevereiro.

Mais: Assis Silva afirmou ter tido uma reunião para tratar da delação no dia 2 de março. E falou com os procuradores Sérgio Bruno e Eduardo Pelella. O primeiro era coordenador da Lava Jato; o outro, chefe de gabinete de Janot. Pelella, diga-se, é figura onipresente em toda essa história, tanto a oficial como a paralela, que vai se revelando aos poucos. É tão presente que sua mulher, Débora, é assessora pessoal de Fachin — pessoal mesmo! Consta que ele a remunera com dinheiro do próprio bolso. O que ela faz? Cuida da imagem do ministro. O que faz um assessor que cuida da imagem? Trabalha para que o cliente apareça bem na chamada "mídia" e nas redes sociais. A moça deve ser competente: ninguém mais cobrou de Fachin que explique por que Ricardo Saud o acompanhou ao gabinete de senadores quando candidato ao STF. Espalhou-se a mentira de que isso era coisa da Abin. O senador esquerdista Randolfe Rodrigues (AP), que se disfarça de marinista, é um dos que espalham por aí essa patacoada. Segundo Randolfe, eu mesmo atuei em parceria com a Abin…

Preciso contratar Débora para cuidar da minha imagem. Antigamente, a esquerda dizia ser eu da CIA… Se agora atuo para a Abin, convenham, há aí uma diminuição de abrangência da minha atuação…

E a atuação de Marcelo Miller? O doutor agora escreve artigos dizendo que errou, mas, ora vejam!, ele jura que sua dupla militância — na PGR e em favor do grupo J&F — foi desinteressada. Segundo entendi, ele transgrediu as regras pensando apenas no bem do Brasil. Sempre me encanta esse tipo de patriotismo. Não por acaso, o doutor aparece diretamente ligado aos casos Sérgio Machado e Delcídio do Amaral, duas das delações que recorreram ao método das gravações, não?, e que estão dando com os burros n'água.

Que importância há nessas datas? Joesley gravou a sua conversa com o presidente no dia 7 de março. Também as gravações com Aécio Neves são posteriores aos entendimentos prévios com a PGR. O nome disso não é "operação controlada", mas "flagrante armado". Quando menos, é preciso investigar. E a Procuradoria pode fazê-lo de ofício; não precisa ser acionada para agir.

Volto à palestra
Mas quero voltar à palestra do doutor Janot. Aquele que se preparava para ser candidato ou à Presidência ou ao governo de Minas — o projeto foi vítima do abatedouro de reputações de Joesley — afirmou na tal faculdade que a corrupção drena, por ano, R$ 100 bilhões.

É mesmo? Segundo Deltan Dallagnol, são R$ 200 bilhões, número repetido no programa Roda Viva pela procuradora Thaméa Danelon. Foi imediatamente contestada por mim. Agora é Janot quem diz que eles estavam elevando em 100% o custo da corrupção.

Mas é de R$ 100 bilhões? Isso é puro chute. Cada um fala o que lhe dá na telha.

Reitero: Janot tem de ser investigado. Sim, ele conduziu a política à atual situação de miséria. "Ah, Reinaldo, foram os corruptos!" Não! Os responsáveis são Janot e sua turma. Em vez de atacar os maus políticos, eles alvejaram a própria política. Era seu esforço para fazer do MPF o Poder dos Poderes da República. Como a gente nota, os valentes atuam segundo sua imaginação.

Chega de mistificação e embuste!

Sobre o autor

Reinaldo Azevedo, que publicou aqui o primeiro post no dia 24 de junho de 2006, é colunista da Folha e âncora do programa “O É da Coisa”, na BandNews FM.

Sobre o blog

O "Blog do Reinaldo Azevedo" trata principalmente de política; envereda, quando necessário — e frequentemente é necessário —, pela economia e por temas que dizem respeito à cultura e aos costumes. É uma das páginas pessoais mais longevas do país: vai completar 13 anos no dia 24 de junho.