Em socorro de Janot 2: E não é que o cara de pau lança campanha “todos contra a corrupção”?
Não basta mistificar para ser Rodrigo Janot. É preciso também ter uma baita cara de pau. E o procurador-geral que não se ocupe de me processar antes de ir ao Houaiss. Dou os sinônimos para o meu texto: "falta de pejo", "caradurismo", "desfaçatez", "que ou quem não escrúpulos ou timidez", "atirado"…
É assim que vejo Janot
Um dia depois de pedir o arquivamento da investigação contra Romero Jucá, Renan Calheiros e José Sarney — e ele havia pedido a prisão preventiva dos três — e de ter dito que os três só não cometeram os crimes que ele, Janot, denunciou porque, afinal, houve a denúncia (!!!), este senhor tem o caradurismo de lançar no Conselho Nacional do Ministério Público, que deveria é estar apurando os desmandos do MPF, a campanha "Todos Juntos Contra a Corrupção".
Todos mesmo, não é, Janot? Inclusive Marcelo Miller.
E, claro, um cara de pau, nessas horas, ainda discursa.
Afirmou o doutor, segundo informa a Folha:
"Nunca se viu, em toda a nossa história, tantas investigações abertas, tantos agentes públicos e privados investigados, processados e presos. As instituições estão funcionando, (…) As reações também têm sido proporcionais. Como não há escusas pelos fatos descobertos, tantos são os fatos e tão escancaradamente comprovados, que a estratégia de defesa não pode ser outra senão tentar desconstituir, desacreditar a figura das pessoas encarregadas do combate à corrupção."
É impressionante!
O que se tem é precisamente o contrário. O que se vê é o Ministério Público metido numa conspirata para depor o presidente da República. Assistimos, isto sim, é a exposição, que corre a céu aberto, dos esgotos de uma operação que ousou substituir a Polícia pela "polícia informal" do MPF.
Abusando da retórica de baixo condoreirismo, afirmou:
"Com certeza muitas pernas tremem". Ele se referia ao trabalho do MPF. Bem, dizer o quê? Quem hoje mais tem razão pra tremer é o próprio Janot. Ou será que ele acha que passará incólume por tantos desmandos. E tentou fazer poesia barata, copiando Deltan Dallagnol: "A corrupção aniquila vidas, sonhos e a esperança de dias melhores".
A desinstitucionalização do país que Janot e seus bravos promovem custa ainda mais caro do que a corrupção. É de uma ousadia sem limites lançar uma campanha como essa num momento em que a maior delação premiada da história do país está fundada numa fraude.
Mas Janot sabe que sempre vale a pena enganar o distinto público, a imprensa em particular. Pronto! Os coleguinhas já estão fascinados pelo quadro mistificador criado pela PF e esquecem que Rodrigo Janot e Edson Fachin tinham a obrigação moral de optar pela prisão preventiva da turma que participou da patuscada da J&F, incluindo Marcelo Miller. E isso, no entanto, não foi feito.