Espancando o estado de direito-4: o caso Beto Richa e os feiticeiros
O ministro Gilmar Mendes, do STF, concedeu liminar suspendendo o trâmite de inquérito no STJ em que Beto Richa (PSDB), governador do Paraná, é investigado por suposta prática de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica. Trata-se também de uma história do balacobaco. Há um delator nessa história. Celebrou o acordo, homologado por juiz de primeira instância, com o Ministério Público Estadual. Ocorre que o dito-cujo acusa o governador. Logo, a competência para conduzir o caso era da Procuradoria Geral da República, e o foro adequado, o STJ. Mais: benefícios foram concedidos ao tal delator que não estão previstos em lei.
Vivemos a era da demagogia explícita, arreganhada, que degrada o Estado de Direito, o bom senso, a legalidade, tudo… Mais: quando ministros de tribunais superiores resgatam a lei, logo aparece um tolo para gritar: "Impunidade!"
Esse é o caminho que conduz toda a chamada "classe política" ao descrédito, com a população mergulhando na desesperança. É nesse ambiente que vicejam Lula e Bolsonaro. No passado, a esquerda brincou muito com o fogo, exercitando o direito criativo, até que o feitiço virou contra o feiticeiro. Hoje, quem sai voando de vassoura por aí é a direita.
É xucra o bastante para não perceber que, caso a esquerda venha a vencer as eleições — e hoje é o mais provável —, será ela, a direita, o alvo principal do estoque de ilegalidades que está a defender agora.