Estratégia do PT para consolidar o nome de Lula se mostra eficiente; a questão agora é saber se votos migrarão mesmo para Haddad
Tudo caminha no melhor dos mundos para o petismo até aqui. Afinal de contas, agora é a pesquisa Datafolha a indicar que seu candidato à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, chega ao patamar dos 40% dos votos no primeiro turno. Tem, segundo o instituto, 39%. O segundo lugar, o buliçoso Jair Bolsonaro, do PSL, come poeira: vem bem atrás, com menos da metade dos votos: 19%. A turma do terceiro batalhão, então, nem se diga: Marina Silva (Rede) marca 8%; Geraldo Alckmin (PSDB), 6%, e Ciro Gomes, 5%. Como a margem de erro é de dois pontos para mais ou para menos, estão tecnicamente empatados. Mais ainda: Lula bate com os pés nas costas todos os seus adversários no segundo turno. Depois de tudo o que o PT enfrentou; depois do impeachment que depôs Dilma Rousseff, um quadro do partido; depois do que se sabe sobre o petrolão, basta correr para a faixa e para o Planalto.
Pois é… Bastaria se Lula pudesse ser candidato. Mas não pode. Não há um só petista que ignore que o TSE vai cassar o registro de sua candidatura até o dia 17 de setembro. Em seu lugar, entrará o vice na chapa: o também petista Fernando Haddad. No cenário sem o ex-presidente, é Bolsonaro quem assume a dianteira, com 22%, seguido de Marina, com 16%. Ciro salta para 10%, e Alckmin, para 9%. Haddad vem lá atrás, com 4%. Assim, esse "melhor dos mundos" está assentado numa certeza perigosa: a de que o ex-presidente vai mesmo conseguir transferir seus votos para Haddad.
O futuro titular da chapa já começou suas andanças pelo país. Nesta segunda, fez campanha na Bahia, um dos redutos do eleitorado petista, ao lado do governador, Rui Costa, que concorre à reeleição, e de Jaques Wagner, antecessor de Costa e que disputa uma das vagas ao Senado. Wagner era uma das opções que tinha o PT no caso da inelegibilidade de Lula. Mas ele próprio pediu que o tirassem da lista. Defendia um acordo com o pedetista Ciro Gomes. Vencido internamente, é agora um cabo eleitoral de Haddad. E não se mostra um entusiasta da estratégia de levar o nome de Lula até o limite possível. Por sua vontade, o sucessor já estaria indicado.
Notem, então, o seguinte: até agora, os números dão razão àqueles, no PT, que sustentavam, e sustentam, que a manutenção de Lula como candidato fortaleceria o seu nome. O partido conta, adicionalmente, com a liminar concedida pelo Comitê de Direitos Humanos da ONU em favor de sua participação no pleito. O peso é simbólico, mas alimenta a narrativa do partido, segundo a qual seu líder está sendo vitima de uma violência política.
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