Futuro da reforma política, como está, é a delegacia de polícia. Começa contagem regressiva
Não há muito a comentar sobre a reforma política. Ela vai se limitar à cláusula de barreira, aplicada de forma escalonada já a partir da eleição de 2018, e ao fim das coligações em eleições proporcionais, que começa a vigorar só em 2020. Vale dizer: a nova Câmara, a ser eleita no ano que vem, ainda carregará a distorção decorrente do ajuntamento aleatório de siglas. É um avanço minúsculo, ridículo até.
A questão do fundo eleitoral ainda está indefinida. Câmara e Senado têm mais três dias para tentar chegar a um acordo. Provavelmente, vai se limitar a R$ 1,7 bilhão, com parte do dinheiro oriundo das emendas parlamentares e outra parcela vinda do dinheiro do Fundo Partidário (recebido anualmente) que financiam as fundações criadas pelas legendas, como a Teotônio Vilela (PSDB), Perseu Abramo (PT) ou Ulysses Guimarães (PMDB). Mas ainda não se bateu o martelo.
Qualquer que seja a saída, o dinheiro a ser distribuído é pífio. Considerando que não há doação de empresas nem um fundo público ao menos compatível com a necessidade das legendas, o que vem por aí é um festival de caixa dois como nunca antes na história deste país.
E, por óbvio, de infiltração do crime organizado nas campanhas eleitorais.
Aguardem para ver. E muita confusão se anuncia por aí.
A esquerda faz muita burrada, sim. Mas, no caso da reforma eleitoral, triunfou a pistolagem de grupos de direita. Quanto mais restrito for o caminho legal de captação de recursos, mais importante se torna a habilidade de lobbies e entidades organizadas nas sombras para obter "doações" de anônimos.
O futuro dessa coisa toda é a delegacia de polícia.