LIVE 1: Bolsonaro faz nova transmissão. Só não é um Pestana porque ele não sabe compor polcas e porque sua mediocridade é relevante
O presidente eleito, Jair Bolsonaro, fez mais uma "live" nesta terça-feira. Querem saber? Ele me inspira mais piedade do que Pestana, a personagem do conto "Um Homem Célebre", de Machado de Assis. O dito-cujo queria fazer música erudita, mas só tinha talento para a polca. Quando imaginava que daria à luz algo essencial à humanidade, vinha-lhe à mente uma obra original, sim, mas seu título não podia ser nada além de "Não bula comigo, nhonhô. Pestana, coitado!, deve-se registrar, era boa-praça, não ambicionava o poder e só fazia música ruim. Era, tudo indica, meio burro, mas nada que chocasse os salões. Ele também não ambicionava uma fala normativa, que servisse de instruções a terceiros. Em suma: Pestana era apenas um cara que sonhava com o estrelato da música de concerto, mas não produzia nada além de polcas que contavam com o gosto popular. Sua mediocridade era irrelevante.
A de Bolsonaro não é. Ele fez uma nova "live" nesta terça e mal conseguiu disfarçar o constrangimento. Todos os temas que compuseram a política do ódio ao longo da campanha eleitoral foram perdendo sentido. Ah, não! Ele não tem o que dizer sobre Fabrício Queiroz, o assessor de Flávio Bolsonaro, seu filho e senador eleito, que movimentou R$ 1,2 milhão em um ano. Então falar sobre o quê?
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