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Reinaldo Azevedo

Miller avisou: não cai sozinho; se for para a cadeia, dá-se como certo que Janot vira um alvo

Reinaldo Azevedo

11/09/2017 07h08

Marcelo Miller, ex-braço-direito de Rodrigo Janot: não cai sozinho!

A pergunta que não quer calar: por que o ministro Edson Fachin resolveu livrar a cara de Marcelo Miller? Pois é… Não dá para ignorar o que diz o ex-procurador a certos interlocutores: não cairá sozinho! O que isso quer dizer? Acho que significa um convite a Janot para partilhar uma temporada no inferno.

Vamos pôr um pouco de memória.

Num dado momento da conversa entre Joesley e Saud, o açougueiro de casaca diz que Janot sabe de tudo. Ele se refere à tramoia que está sendo armada para atingir o presidente Michel Temer. O interlocutor pergunta, então, se é o próprio Miller a fazer o leva-e-traz. Responde Joesley:
"Não, não é o Marcelo. Nós falamos pro Anselmo. O Anselmo que falou pro Pelella, que falou pra não sei quem lá, que falou pro Janot. O Janot está sabendo. Aí o Janot, espertão, o que o Janot falou? Bota pra foder. Bota pra foder. Põe pressão neles para eles entregam tudo".

O tal "Anselmo" é o procurador Anselmo Lopes, da Operação Greenfield. Eduardo Pelella, chefe de gabinete do procurador-geral e seu real estafeta, também estaria sabendo do rolo.

Notem: ainda que não fosse Miller a informar Janot, Joesley deixa claro que há outros que estão sabendo da lambança.

Miller fez saber a quantos quiseram ouvir que não aceitaria calado à humilhação de uma prisão. Essa gente sabe bem o que isso significa, não é? Afinal, Miller colaborou para mandar muita gente par ao xilindró com o objetivo de lhes quebrar o moral. E foi, no mais das vezes, bem-sucedido.

Miller longe da cadeia serve para proteger uma única pessoa: Rodrigo Janot.

Sobre o autor

Reinaldo Azevedo, que publicou aqui o primeiro post no dia 24 de junho de 2006, é colunista da Folha e âncora do programa “O É da Coisa”, na BandNews FM.

Sobre o blog

O "Blog do Reinaldo Azevedo" trata principalmente de política; envereda, quando necessário — e frequentemente é necessário —, pela economia e por temas que dizem respeito à cultura e aos costumes. É uma das páginas pessoais mais longevas do país: vai completar 13 anos no dia 24 de junho.