Mourão tenta emprestar viés social à sua fala desastrada que vincula criminalidade a lares chefiados por mulheres e piora o que era ruim
O general Hamílton Mourão, vice na chapa de Jair Bolsonaro, tenta consertar uma afirmação infeliz, mais uma!, feita neta segunda em palestra no Secovi, em São Paulo, mas não conseguiu. E acabou reiterando o preconceito, ainda que tenha revestido a sua fala com o verniz do social.
Para lembrar: falando a membros do Secovi, soltou a seguinte pérola:
"A partir do momento em que a família é dissociada, surgem os problemas sociais que estamos vivendo. E atacam eminentemente nas áreas carentes, onde não há pai nem avô. É mãe e avó. E, por isso, tornam-se realmente uma fábrica de elementos desajustados e que tendem a ingressar nessas narcoquadrilhas que hoje afetam todo nosso país e em particular as nossas grandes cidades".
O que dizer? Segundo o IBGE, dos 69,2 milhões de lares brasileiros, em 2016, 28,6 milhões são comandados por mulheres.
É claro que a afirmação não caiu bem.
Nesta terça, em palestra na Associação Comercial de São Paulo, Mourão tentou dar uma coloração social a seu chute:
"Essas mães e essas avós saem para trabalhar, e a grande maioria são cozinheiras, são faxineiras, vivem uma dureza de vida o tempo todo. Elas não têm com quem deixar os filhos porque o Estado não está presente para dar creche, uma escola de tempo integral, onde essa criança possa permanecer, e essa criança vira presa fácil do narcotráfico".
Ah, bom!
Então a questão seria a falta de creche. Até porque vai embutida na afirmação a ideia de que, se houvesse um pai na família, nos termos formulados por ele, a mulher, então, não trabalharia fora.
No fim das contas, aí estaria o mal, não é mesmo? No fato de a mulher não ficar tomando conta do lar.
Pergunta: qual é a fonte de dados do general?
Resposta: não existe fonte.