Palocci estaria disposto a delatar banqueiros, grandes empresários e até Lula
Palocci durante depoimento a Sérgio Moro: ele já foi o bibelô dos bancos; agora, pode ser o seu algoz (Foto: Reprodução)
Oba! O fim do mundo dos que pretendem mandar os outros ao inferno pode ter logo um novo capítulo. A estar certo o que informam Bela Megale e Marina Dias, na Folha, o pior pode ainda estar por vir — e, sim, os fanáticos do "prendam Lula" vão se divertir a valer. Não sei se alegria duradoura.
A ser como diz a reportagem, Palocci está com inveja de Joesley Folgadão. Ele também quer uma vida suave para delatar banqueiros, empresários e Lula: um aninho de prisão domiciliar. E ponto. Teria tido apenas uma conversa com procuradores. Mas já vazou que seu negócio é mesmo centrar fogo naquelas duas categorias e no seu ex-chefe.
Um dos banqueiros citados é André Esteves, sócio do BTG Pactual. A delação estaria relacionada à compra de Medidas Provisórias de interesse dos bancos. Do empresariado, o nome graúdo que vaza é Abílio Diniz. Informa a Folha:
"O Grupo Pão de Açúcar fez pagamentos à Projeto, empresa de Palocci, por meio do escritório do advogado e ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, morto em 2014. Notas divulgadas em 2015 pelas partes confirmam as transações. Relatório do Coaf, com dados de 2008 a 2011, mostra que Bastos foi o segundo maior cliente da consultoria de Palocci, com repasses de R$ 5,5 milhões."
A contratação estaria relacionada a manobras de Diniz para manter o controle do Grupo Pão de Açúcar, em meio à disputa com a francesa Casino. Bem, como se sabe, ele acabou vendendo sua parte ao adversário.
Absurdos
Palocci está ainda nas tratativas para saber se vai ou não fazer delação e quais seriam as condições. Não obstante, os respectivos nomes de um banqueiro e de um grande empresário já foram vazados no mercado das reputações. Alguém dúvida da ação do MPF?
Reitero: a imprensa tem de publicar o que lhe chega, claro! Nem por isso a gente pode se abster de observar que "a máquina" que opera nas sombras quer mesmo o governo do Brasil. E está dizendo que ninguém lhe põe freios — nem aqueles das leis.
Ah, sim: Lula continua um peixão. Palocci estaria disposto a tratar do assunto. Segundo Marcelo Odebrecht, o ex-ministro administrou por um tempo a conta "Amigo", uma espécie de "fundo" mantido pela empreiteira para as necessidades pessoais do chefão petista.
Vamos pensar?
O que nos falta para que os delatores continuem a viver sua vida folgazã e para que o país vá para o buraco? Ora, uma crise no setor bancário. Aí o capeta vai gargalhar.
Sim, sim, tudo tem de ser investigado. Mas que tal fazê-lo de acordo com as leis? É pedir muito?
Segundo Rodrigo Janot, é. Em artigo escrito para o UOL, ele admite que o MPF recorre a métodos não-convencionais de investigação. Seja lá o que isso queira dizer.
Ou melhor, eu sei: isso quer dizer Estado policial.