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Reinaldo Azevedo

Parente 3: Variação diária dos combustíveis não é a única maneira que tem a Petrobras, esta monopolista do refino, de seguir o mercado

Reinaldo Azevedo

02/06/2018 09h19

A menina dos olhos da gestão de Pedro Parente à frente da Petrobras foi a formação de preço de combustíveis segundo os tais fundamentos de mercado. Como se sabe, a variação de preço na refinaria era diária, segundo a cotação do petróleo no mercado internacional e a oscilação cambial. Então tá.

Você que me lê pode escolher uma de duas posturas obscurantistas. Faz como o PT, PSOL e assemelhados e afirma que isso é um absurdo; que a Petrobras é uma estatal justamente porque deve servir ao povo brasileiro; que seguir o tal mercado corresponde a ignorar as necessidades dos brasileiros etc. E pode também ser um mercadista fanático que nunca ultrapassou o Capitulo I do "Manual do Bobo Alegre Liberal". Assim, ou se tem Parente, com sua variação diária no comando da monopolista do refino Petrobras, ou, então, tudo estará perdido.

Eu não gosto quando tentam me forçar a fazer escolhas desse tipo. Esse papo de "Ou eu ou o dilúvio" sempre me leva a estabelecer pelo menos um esforço de compreensão do que seria o… dilúvio!!!

Pedro Parente se demitiu. A Petrobras perdeu R$ 150 bilhões em valor de mercado, na Bolsa, desde o início da crise. Continuará a cair, é isso? Daqui a pouco, haverá incineração em praça pública das ações da empresa? Ora, tenham a santa paciência! No mercado, não custa lembrar, existem especuladores. Os espertos, a esta altura, já estão se preparando para comprar ações na baixa que ajudaram a estimular. Mas não me perderei nisso agora.

Faço uma pergunta e um desafio:
a: a única maneira de atender às regras de mercado é a variação diária do preço dos combustíveis?
b: o que a Petrobras perderia, ou teria perdido, com uma política de preços baseada numa média móvel?

Vamos ver.

Respondo a pergunta "a". Não! A variação diária não é o único meio de seguir as regras do mercado.

Respondo a pergunta "b". Com uma política de preços de média móvel, ao longo de 30 dias — ou até mais —, a Petrobras não teria perdido um tostão. Até porque, para fazer essa média, teria de considerar tanto o barril do petróleo como o câmbio segundo o teto do período, mas também segundo o piso, com todos os calores intermediários.

E de quanto haveria de ser o reembolso do Tesouro à monopolista? Zero! Não caberia reembolso nenhum porque, de fato, não haveria perda nenhuma. É uma questão matemática.

Sobre o autor

Reinaldo Azevedo, que publicou aqui o primeiro post no dia 24 de junho de 2006, é colunista da Folha e âncora do programa “O É da Coisa”, na BandNews FM.

Sobre o blog

O "Blog do Reinaldo Azevedo" trata principalmente de política; envereda, quando necessário — e frequentemente é necessário —, pela economia e por temas que dizem respeito à cultura e aos costumes. É uma das páginas pessoais mais longevas do país: vai completar 13 anos no dia 24 de junho.