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Reinaldo Azevedo

Percepção sobre economia está mudando; pesquisas veem fastio com lava-jatismo. 2018 à vista-2

Reinaldo Azevedo

29/11/2017 08h02

Tadinha! Ela tem medo do que pode fazer os Carlos Fernandos da vida sob o pretexto de combater a corrupção…

No dia 17 de novembro, escrevi neste blog em meu blog um texto cujo título era este: "O que dizem os vídeos do PMDB: o partido vai ter candidato, e este defenderá legado de Temer" (aqui). Eu me baseava exclusivamente nos vídeos. E me pareceu evidente que o maior partido do país não assistirá inerme à sua herança positiva — sim, eu me refiro ao governo em curso — ser jogada pela janela.

Os tucanos que hoje se reúnem em torno da candidatura de Geraldo Alckmin à Presidência estão inquietos. Não há dúvida de que o governador consolidou o seu nome no partido. Também está buscando costurar alianças com legendas do centro e da centro-direita. E aí as coisas já começam a ficar mais difíceis. E essa dificuldade tem um nome óbvio: PMDB.

O presidente Michel Temer, como seria natural, não vai servir de saco de pancada no pleito de 2018. Nem seria razoável que assim fosse, dado o tanto que se fez em tão pouco tempo e em condições, convenhamos, as mais adversas. Os que acompanham os dados da economia com mais cuidado já vislumbram uma mudança de ânimo da população.

Querem ver? A expectativa dos consumidores brasileiros para a inflação nos próximos 12 meses chegou ao menor nível desde 2008. De outubro para novembro, o indicador recuou de 6,4% para 5,9%. De acordo com a Fundação Getúlio Vargas, responsável pelos dados, entre os fatores que mais contribuíram para essa queda estão a percepção da inflação atual e o nível em que está o IPCA acumulado de 2017. A estimativa é que, até terminar o ano, os consumidores esperem para os 12 meses seguintes que o índice fique em 5%. A prévia da inflação oficial está acumulada em 2,77%, a menor taxa para novembro desde 1998.

Há coisas interessantes aí. A inflação segue a ser um monstro bastante temido pela população… Só Dilma Rousseff e seus 10% não se davam conta disso, não é? Ela caiu. Com inflação abaixo de 3%, Michel Temer ficou. Observem que, embora haja, então, um crescimento do otimismo nesse particular, a percepção da população ainda não está ajustada com a realidade dos números. A memória da inflação alta distorce a realidade. De toda sorte, está em curso uma mudança de ânimo.

O "Fora Temer" saiu definitivamente da agenda da imprensa. Os empregos estão voltando num ritmo superior ao esperado. Se, até a votação da segunda denúncia, pareceria coisa de lunático afirmar que Temer teria o seu candidato na disputa de 2018, agora se pode dar isso como certo. Mais: pesquisólogos, especialmente os que trabalham para os tais "ozmercádus", já detectam um fastio de vários estratos da população com esse negócio de Lava Jato, denúncia, pega pra capar… Não por acaso, os propagandistas da operação estão mais buliçosos e barulhentos do que nunca. Ainda que jornalistas em penca aceitem ser porta-vozes de doidivanas do Ministério Público Federal, os brasileiros que trabalham querem um futuro. País que cresce dá menos bola para a histeria moralista — que nada tem a ver com a moral.

 

Sobre o autor

Reinaldo Azevedo, que publicou aqui o primeiro post no dia 24 de junho de 2006, é colunista da Folha e âncora do programa “O É da Coisa”, na BandNews FM.

Sobre o blog

O "Blog do Reinaldo Azevedo" trata principalmente de política; envereda, quando necessário — e frequentemente é necessário —, pela economia e por temas que dizem respeito à cultura e aos costumes. É uma das páginas pessoais mais longevas do país: vai completar 13 anos no dia 24 de junho.