Topo

Reinaldo Azevedo

2018 JÁ-3: Ódio militante de “analistas” que enganaram o consumidor de notícia agora decide afrontar também a lógica

Reinaldo Azevedo

10/12/2017 08h39

O governador Geraldo Alckmin e o presidente Michel Temer: chance de acordo existe, mas ainda é tênue

A militância da imprensa contra o presidente Michel Temer, especialmente a de sua vertente "analítica", chega a ser engraçada porque nem a lógica sobrevive a seu rancor dedicado. Afinal, não é?, 9 entre 10 "analistas" previram a queda do presidente. E ele insistiu em contrariar os prognósticos. Logo, que seja aquinhoado com escárnio e maldizer. Por que isso?

Bem, sempre se pode apostar que Muamar Kadafi volte do inferno para impedir um petista de chegar ao segundo turno: Lula (nesse caso, ele vence!) ou um ungido seu. Não creio que o espectro do ditador fale ao coração do eleitorado que voltou a cair de encantos pelo companheiro. É grande a chance de uma das vagas do segundo turno já estar garantida. Aí se trata de saber qual será o contraponto — que, pasmem!, hoje, não seria fatalmente conservador. Marina Silva, por exemplo, não está fora do jogo. Nem Ciro Gomes, aliado ao petismo ou não.

Imaginar que um candidato de centro, como é Alckmin, possa abrir mão do apoio do PMDB e possa se lançar numa campanha também contra o governo Temer é de uma supina estupidez. E, como sabemos, alas do próprio PSDB sonharam com isso. Pior: pensam isso ainda hoje. A tolice foi longe: até o grande FHC chegou a dar piscadelas para um troço sem nexo com a realidade, além de inconstitucional: a antecipação de eleição.

Noto um esgar crítico para a ponte, ainda que modesta, que Alckmin lançou para Temer e para o PMDB, como se o tucano pudesse se dar ao luxo de ver surgir uma outra candidatura no seu campo ideológico. Ora, a situação já é bastante complicada como está, não é mesmo?, sem essa outra candidatura.

Se Lula for candidato — e acho que não será —, chega à reta final com mais de 30%. O segundo colocado pode não alcançar 20%; o terceiro pode ficar a décimos de ponto percentual de distância.

Digam-me: faz sentido sugerir que Alckmin deveria deixar de lado o governo Temer?

Eis, aí, uma daquelas considerações que nem erradas chegam a ser. A perspectiva é só uma tolice, ditada pelo rancor e pelo ressentimento de quem enganou os leitores, os ouvintes, os telespectadores e os internautas.

Sobre o autor

Reinaldo Azevedo, que publicou aqui o primeiro post no dia 24 de junho de 2006, é colunista da Folha e âncora do programa “O É da Coisa”, na BandNews FM.

Sobre o blog

O "Blog do Reinaldo Azevedo" trata principalmente de política; envereda, quando necessário — e frequentemente é necessário —, pela economia e por temas que dizem respeito à cultura e aos costumes. É uma das páginas pessoais mais longevas do país: vai completar 13 anos no dia 24 de junho.