A ausência de Gilmar na primeira parte da sessão. Ainda haverá a segunda. Explico
Gilmar Mendes ausentou-se da primeira parte da sessão desta quarta. Por quê?
Vamos lá. Rodrigo Janot estava ausente da sessão por dever. Afinal, era a sua própria suspeição que estava em julgamento. Por isso, em seu lugar, compareceu Flávio Dino, subprocurador-geral.
E por que Mendes não estava lá?
Não é segredo para ninguém que o ministro acabou representando, por força das circunstâncias, uma espécie de polo oposto a Janot. Quem acompanhou ontem a sessão da Segunda Turma do Supremo sabe bem disso. Mendes é hoje o principal agente em defesa de que o Ministério Público Federal se volte para o cumprimento da lei.
Mendes já estava decidido a não participar da primeira parte da sessão em razão justamente dessa crispação. Ele mesmo já havia comentando com interlocutores que estava certo de que a suspeição seria negada por unanimidade.
Mas houve, sim, gestão da ministra Cármen Lúcia nesse sentido.
O ministro houve por bem que, dado um resultado considerado certo, a crispação intelectual se fazia desnecessária. E, por óbvio, se presente, não ouviria calado certas bobagens.
É muito provável — e aqui faço mera suposição — que, no mérito, Gilmar também negasse a suspeição de Janot. Mas, nesse caso, com absoluta certeza, outros seriam os argumentos. Assim, Gilmar não participou para evitar dar um voto que não seria o seu — admitindo a suspeição — ou, ao dar o seu voto, negando-a, endossar os argumentos canhestros que se ouviram na corte.