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Reinaldo Azevedo

De joelhos! Que a holding “JJ&F” — Janot, Joesley e Fachin — governe o Brasil e a imprensa!

Reinaldo Azevedo

04/09/2017 07h27

Há uma Coreia do Norte incrustada no Estado Brasileiro.

Chama-se Ministério Público Federal.

Já não interessa mais a esse órgão agir de acordo com a lei. A exemplo do estado-pária, mas com bomba, governado por Kim Jong-un, também as extensões sob o domínio de Kim Janot-un não estão nem aí para a moralidade, a verdade, a racionalidade, a segurança, o bom senso. Impõe a sua vontade e pronto. O papel de ambas é testar as instituições e jogar bombas. Os outros que se virem.

Vamos lá. Quando penso no caso Joesley Batista, constato que, muito mais porco do que o trabalho feito pela Procuradoria Geral da República, liderado por Rodrigo Janot, é, infelizmente, o trabalho de boa parte da imprensa. Por que digo isso? Porque se deixou sequestrar pelo moralismo estúpido e de ambição punitiva e abandonou, sem nenhuma solenidade, as regras do estado de direito.

Nunca se viu nada igual no Brasil. Nunca se verá. Com as exceções de sempre em todas as faixas etárias, não há idade para o jornalista se abraçar ao equívoco, mandar a lei à merda e cair de boca no discurso populista mais rasteiro. "Mas esses jornalistas têm alternativas, Reinaldo?". Têm, sim! Pedir que se cumpram as regras. Com elas, podem-se punir os larápios. Sem elas, fabricam-se vigaristas novos.

Vamos ver. Joesley fez um acordo de delação premiada que, como não cansou de cantar em verso e prosa o estupefaciente Kim Janot-un, tinha como pressuposto a impunidade. Sem nenhum pudor, sem nenhuma vergonha, sem nenhum constrangimento, o procurador-geral revelou: o açougueiro de casaca teria deixado claro — permitindo o suposto acesso a nesgas de evidências — que tinha coisas supostamente graves contra o presidente da República e contra a maior liderança do principal partido de oposição. E o que o bandido queria em troca? Impunidade!

E a obteve. Mesmo aqueles que, como eu, consideraram a negociação asquerosa, davam de barato que, vá lá, o homem havia entregado ao menos tudo o que dizia ter, por mais que dados de sua delação parecessem ser, como são, fantasiosos. Ora, Aécio Neves e Michel Temer vivem em calvário em razão da urdidura feita pela holding "JJ&F": Joesley, Janot e Fachin.  A primeira bomba já foi disparada. Não deu em nada. Agora vem a outra, a que tem Lúcio Funaro na ogiva, também sob os cuidados de Kim Janot-un.

Até aqui, vá lá. Todos já sabíamos que o procurador-geral da República percorreria esse caminho. Era evidente que buscava o segundo tempo e estava à procura de pretextos novos. Diga-se qualquer coisa de Kim Janot-un, menos que seja uma pessoa pudorosa. Não é. Como líder da Coreia do Norte Mental em que se transformou o MPF — a PGR em particular —, resta evidente que ele pode fazer qualquer coisa.

Eis que, no dia em que vence o prazo para que entregue anexos, elementos de prova etc — e nunca novidades não contempladas naquela delação já homologada —, Joesley vai muito além e, na prática, comparece com uma nova delação, deixando claro, então, que violou os termos do seu acordo. A Alínea "e" do Artigo 26 do dito-cujo torna sem efeito um acordo que tenha, por exemplo, omitido dados.

Vale dizer: o sr. Joesley Batista fez a primeira acusação, mediu os efeitos, modulou os seus negócios segundo as consequências experimentadas, viajou, voltou, concedeu entrevistas, posou de moralista, ameaçou processar todo mundo que o chame de bandido — não fica claro se ele remunera quem o trata como vítima, a exemplo do que fazem alguns bucaneiros da Internet — e agora tem o segundo tempo.

Não por acaso, um dos palcos de falcatruas dessa segunda fase das denúncias é nada menos do que o BNDES, que queria os Batistas fora da direção executiva da JBS. Joesley diz que, em 2010, contou com o apoio de Guido Mantega, Antonio Palocci, Luciano Coutinho e José Serra para obter financiamento para a construção de uma fábrica de celulose da Eldorado, no Mato Grosso do Sul.

Pagou propina? Segundo ele, sim: para Mantega (4% sobre o empréstimo); para João Vaccari Neto, tesoureiro do PT; para Wagner Pinheiro, ex-presidente da Petros, fundo de pensão da Petrobras; e Guilherme Lacerda, ex-presidente da Funcef, fundo de pensão da Caixa, para esses todos, 1%. Ainda segundo Joesley, Palocci e Serra apoiaram o pleito, mas não receberam o capilé ilegal. O tucano nega qualquer interferência e pergunta o óbvio: por que o candidato da oposição à Presidência teria interferência na liberação de financiamento do BNDES?

O que interessa
Bem, meus caros, o que vocês querem que eu diga? Obviamente, não vou asseverar a culpa ou a inocência das pessoas envolvidas nessa nova leva de denúncias. Isso é o que tem menos importância. E lamento, sim, que a imprensa se torne, queira ou não, mero joguete dos negócios dos bilionários Batistas. A minha questão é esta: por que só agora?

Que outras surpresas Joesley nos reserva? Até quando o país continuará a ser governado, em razão das escolhas feitas por Kim Janot-un, por tipos como ele e como Lúcio Funaro? Em que país do mundo uma delação premiada concede a impunidade absoluta a um bandido, que continua à frente de um dos maiores conglomerados empresariais do país, manipulando imprensa, opinião pública, Ministério Público, Supremo e quem mais lhe der na telha?

Ah, sim: entre uma falcatrua e outra, Joesley emite uma nota oficial com impropérios contra o presidente da República.

Bem, estamos vendo que a reforma política está mesmo emperrada, as eleições de 2018 se afiguram, por enquanto um grande escuro, e o Brasil não pode ir para o abismo.

Bem, vamos entregar o Brasil aos cuidados da holding JJ&F Janot, Joesley e Fachin. Kim Janot-Un cuida de cortar as cabeças; Joesley pendura as peças de carne no gancho, e Fachin dá a bênção jurídica ao festim diabólico.

Sobre o autor

Reinaldo Azevedo, que publicou aqui o primeiro post no dia 24 de junho de 2006, é colunista da Folha e âncora do programa “O É da Coisa”, na BandNews FM.

Sobre o blog

O "Blog do Reinaldo Azevedo" trata principalmente de política; envereda, quando necessário — e frequentemente é necessário —, pela economia e por temas que dizem respeito à cultura e aos costumes. É uma das páginas pessoais mais longevas do país: vai completar 13 anos no dia 24 de junho.