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Reinaldo Azevedo

Decisão óbvia: Loures se torna réu, acusado de corrupção passiva

Reinaldo Azevedo

11/12/2017 15h49

O ex-deputado Rodrigo Rocha Loures agora é réu. O juiz Jaime Travassos Sarinho, da 10ª Vara Federal de Brasília, aceitou denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal, que o acusa de corrupção passiva. Ele foi filmado pela PF recebendo de Ricardo Saud, executivo da JBS, uma mala contendo R$ 500 mil.

Não há rigorosamente nada de surpreendente na decisão. Tanto é que o juiz se saiu com o que é uma praxe, um conjunto de jargões mesmo, para justificar a aceitação da denúncia: "Há substrato probatório mínimo que sustenta a inicial acusatória, existindo, portanto, justa causa para a deflagração da ação penal".

Agora cumpre ao MPF produzir as provas. Como a acusação é de corrupção passiva, parte-se do princípio de que Loures ofereceu ou prometeu à JBS, em razão de sua função pública, alguma vantagem.

Por mais que Rodrigo Janot tenha jogado para a torcida, o fato é que a mala, sem as evidências da contrapartida, não é prova suficiente — ou não seria… em condições normais.

O juiz, por óbvio, fez a coisa certa. Existe, sim, o "substrato probatório mínimo" apontando para um crime. A menos que se considere normal que malas com R$ 500 mil circulem pra cima e pra baixo.

Normal não é. Que se investigue. E que se condene. Com provas.

Sobre o autor

Reinaldo Azevedo, que publicou aqui o primeiro post no dia 24 de junho de 2006, é colunista da Folha e âncora do programa “O É da Coisa”, na BandNews FM.

Sobre o blog

O "Blog do Reinaldo Azevedo" trata principalmente de política; envereda, quando necessário — e frequentemente é necessário —, pela economia e por temas que dizem respeito à cultura e aos costumes. É uma das páginas pessoais mais longevas do país: vai completar 13 anos no dia 24 de junho.