Em nota, Moro critica jornalista e dá argumento imbatível em favor de acusado: “Ele é meu amigo”
Sérgio Moro: para um amigo, vale a presunção de inocência (Foto Lula Marques/Agência PT)
O juiz Sérgio Moro já havia conversado com a reportagem da Folha e negado que seu amigão tivesse cometido alguma irregularidade. Neste domingo, emitiu uma nota nova.
Sim, todos têm direito à presunção de inocência — ou tinham — antes da Lava Jato. Depois dela, o que se tem é presunção de culpa, e as pessoas que se virem para provar que nariz de porco não é tomada (a de modelo antigo…).
Ao ler a nota, a gente até fica com uma certa inveja de Carlos Zucolotto Jr. Já se sabe que é ruim ter Moro como adversário. Agora fica claro que é bom tê-lo como amigo. Duas coisas, ao menos, chamam a atenção em sua resposta.
A primeira é a censura que faz à jornalista. Leiam:
"Rodrigo Tacla Duran é acusado de lavagem de dinheiro de milhões de dólares e teve a sua prisão preventiva decretada por este julgador, tendo se refugiado na Espanha para fugir da ação da Justiça;"
"Lamenta-se o crédito dado pela jornalista ao relato falso de um acusado foragido, tendo ela sido alertada da falsidade por todas as pessoas citadas na matéria."
Esperem aí… Os delatores da Lava Jato, e já tem muita coisa indo para arquivo, são, por acaso, uns patriotas? Ou se deve dar credibilidade a pessoas perseguidas pela Justiça apenas quando elas dizem o que Moro quer ouvir?
E ainda:
"O advogado Carlos Zucolotto Jr. é meu amigo pessoal e lamento que o seu nome seja utilizado por um acusado foragido e em uma matéria jornalística irresponsável para denegrir-me;"
Não sei se notam, mas Moro pretende silenciar o denunciante com uma afirmação: "O advogado Carlos Zucolotto Jr. é meu amigo pessoal"
Leiam a íntegra da nota:
"O advogado Carlos Zucolotto Jr. é advogado sério e competente, atua na área trabalhista e não atua na área criminal;
O relato de que o advogado em questão teria tratado com o acusado foragido Rodrigo Tacla Duran sobre acordo de colaboração premiada é absolutamente falso;
Nenhum dos membros do Ministério Público Federal da força-tarefa em Curitiba confirmou qualquer contato do referido advogado sobre o referido assunto ou sobre qualquer outro porque de fato não ocorreu qualquer contato;
Rodrigo Tacla Duran não apresentou à jornalista responsável pela matéria qualquer prova de suas inverídicas afirmações e o seu relato não encontra apoio em nenhuma outra fonte;
Rodrigo Tacla Duran é acusado de lavagem de dinheiro de milhões de dólares e teve a sua prisão preventiva decretada por este julgador, tendo se refugiado na Espanha para fugir da ação da Justiça;
O advogado Carlos Zucolotto Jr. é meu amigo pessoal e lamento que o seu nome seja utilizado por um acusado foragido e em uma matéria jornalística irresponsável para denegrir-me; e
Lamenta-se o crédito dado pela jornalista ao relato falso de um acusado foragido, tendo ela sido alertada da falsidade por todas as pessoas citadas na matéria."
