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Reinaldo Azevedo

Em tucanês, fechar questão é igual a cada um votar como lhe der na telha

Reinaldo Azevedo

14/12/2017 06h11

O esforço do governo e dos governistas para fazer a reforma é sincero, mas a coisa não é fácil, sabem-no líderes experientes como o senador Romero Jucá (PMDB-RR), que falou em deixar a votação para fevereiro.

Querem um exemplo? Tomemos o caso desses incríveis tucanos. Na primeira reunião com a Executiva do PSDB, que comandou na condição de presidente do partido, Geraldo Alckmin conseguiu arrancar o fechamento de questão em favor da reforma da Previdência. Alguém que faça uma leitura convencional do mundo, afinada com o sentido das palavras, logo entenderia: "Ah, isso quer dizer que os 46 deputados do PSDB votarão a favor, certo?"

Não! Não quer dizer. Em tucanês, fechamento de questão significa que cada um faz o que lhe der na telha, já que não haverá punição para quem não seguir a orientação. Deputados federais participaram do encontro. Carlos Sampaio (SP) afirmou que o partido não impôs condição nenhuma para aprovar o texto, mas, disse ele, foi escalado pelo governador de São Paulo para tentar garantir regras mais suaves — leia-se: privilégios — para servidores públicos. Chamou os ditos-cujos de "socialmente justos".

A deputada Mariana Carvalho (PSDB-RO) sintetizou o espírito da coisa ao repudiar punições para quem votar contra a reforma. "Não tem como ter punição. Vai expulsar metade do partido?"

Pois é. Tucanos!

 

Sobre o autor

Reinaldo Azevedo, que publicou aqui o primeiro post no dia 24 de junho de 2006, é colunista da Folha e âncora do programa “O É da Coisa”, na BandNews FM.

Sobre o blog

O "Blog do Reinaldo Azevedo" trata principalmente de política; envereda, quando necessário — e frequentemente é necessário —, pela economia e por temas que dizem respeito à cultura e aos costumes. É uma das páginas pessoais mais longevas do país: vai completar 13 anos no dia 24 de junho.