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Reinaldo Azevedo

O papo-furado esquerdista da desigualdade: “thomas-pikettysmo” em ação

Reinaldo Azevedo

16/12/2017 08h53

Na era da "thomas-pikettyzação" do pensamento, a conversa sobre a desigualdade ocupa o topo do debate quando se fala em pobreza.

"Por quê? Não há desigualdade no Brasil, Reinaldo?"

Há, sim! A questão é saber o que se vai fazer com ela.

Com um país em recessão, como nos anos de 2015 e 2016, tenho a certeza de que alguns luminares, se tivessem tido a oportunidade, teriam imposto uma sobretaxação dos ricos. A imprensa hoje está coalhada de "companheiros" dos mais diversos matizes de esquerda a sugerir soluções miraculosas: um deles diz que o que nos faz falta é… reforma agrária!!! Outro acha que a "pejotização" — trabalhadores que são pessoas jurídicas — é um dos principais fatores que levam a essa desigualdade.

Meu Jesus Cristinho!

Perguntem quais são os "programas sociais" que há na China ou as medidas compensatórias para integrar os mais pobres à economia. Resposta: não há nem programas nem medidas. O que existe é crescimento da economia. Foi ele que livrou muitos milhões da miséria.

Com um déficit anual na casa dos R$ 150 bilhões, o que será que pune mais os pobres no Brasil? A Previdência — especialmente a dos servidores — ou a não-taxação das grandes fortunas ou das heranças? Essa conversa e uma piada.

É por isso que esquerdistas, quando chegam ao poder, fazem o que fizeram no Brasil: ignoram os fundamentos da economia, criam uma bolha transitória de elevação do bem-estar, financiam-na com déficit fiscal que tem de ser compensado pagando juros indecentes, quebram o país e o empurram para a recessão e o desemprego.

Não por acaso, as esquerdas igualitaristas estão na vanguarda da luta contra as reformas.

O buraco fiscal, este sim, tira dinheiro dos pobres. Afinal, ele terá de ser sustentado de algum modo. E de que modo? Captando dinheiro no mercado e pagando juros altos em razão dessa vulnerabilidade.

Um desses opinadores, estudioso da igualdade, o economista irlandês Marc Morgan Milá, chega a dizer em entrevista à Folha que o teto de gastos aprovado pelo governo Temer certamente vai aumentar a desigualdade à medida que acabará cortando gastos sociais.

Só para registro: não se cortou gasto social nenhum! Mas isso ainda diz pouco.

O teto de gastos foi a medida necessária, ora vejam, para tirar o país da crise aguda e da recessão — aquela mesma que pune os pobres que Milá quer proteger.

Para encerrar: eu sempre fico encantado quando as esquerdas vociferam por aí que o Brasil tem a maior desigualdade do mundo. Não deixa de ser um alento para quem, como é o meu caso, não considera que a "igualdade" é o dado relevante do problema. Tanto não é um valor tendente ao absoluto que Cuba é um dos países menos "desiguais" do planeta, não é mesmo? Com a provável exceção da África do Sul, todos os países do continente africano são, então, mais "iguais" do que Banânia. Até o Sudão do Sul. Alguém quer trocar de lugar?

Esperem: Haiti e Bolívia também são, digamos, mais iguais do que o Brasil. Os imigrantes haitianos e bolivianos vêm pra cá, quero crer, para experimentar um pouco da nossa desigualdade…

Sobre o autor

Reinaldo Azevedo, que publicou aqui o primeiro post no dia 24 de junho de 2006, é colunista da Folha e âncora do programa “O É da Coisa”, na BandNews FM.

Sobre o blog

O "Blog do Reinaldo Azevedo" trata principalmente de política; envereda, quando necessário — e frequentemente é necessário —, pela economia e por temas que dizem respeito à cultura e aos costumes. É uma das páginas pessoais mais longevas do país: vai completar 13 anos no dia 24 de junho.