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Reinaldo Azevedo

Futuro da reforma política, como está, é a delegacia de polícia. Começa contagem regressiva

Reinaldo Azevedo

04/10/2017 15h28

Não há muito a comentar sobre a reforma política. Ela vai se limitar à cláusula de barreira, aplicada de forma escalonada já a partir da eleição de 2018, e ao fim das coligações em eleições proporcionais, que começa a vigorar só em 2020. Vale dizer: a nova Câmara, a ser eleita no ano que vem, ainda carregará a distorção decorrente do ajuntamento aleatório de siglas. É um avanço minúsculo, ridículo até.

A questão do fundo eleitoral ainda está indefinida. Câmara e Senado têm mais três dias para tentar chegar a um acordo. Provavelmente, vai se limitar a R$ 1,7 bilhão, com parte do dinheiro oriundo das emendas parlamentares e outra parcela vinda do dinheiro do Fundo Partidário (recebido anualmente) que financiam as fundações criadas pelas legendas, como a Teotônio Vilela (PSDB), Perseu Abramo (PT) ou Ulysses Guimarães (PMDB). Mas ainda não se bateu o martelo.

Qualquer que seja a saída, o dinheiro a ser distribuído é pífio. Considerando que não há doação de empresas nem um fundo público ao menos compatível com a necessidade das legendas, o que vem por aí é um festival de caixa dois como nunca antes na história deste país.

E, por óbvio, de infiltração do crime organizado nas campanhas eleitorais.

Aguardem para ver. E muita confusão se anuncia por aí.

A esquerda faz muita burrada, sim. Mas, no caso da reforma eleitoral, triunfou a pistolagem de grupos de direita. Quanto mais restrito for o caminho legal de captação de recursos, mais importante se torna a habilidade de lobbies e entidades organizadas nas sombras para obter "doações" de anônimos.

O futuro dessa coisa toda é a delegacia de polícia.

Sobre o autor

Reinaldo Azevedo, que publicou aqui o primeiro post no dia 24 de junho de 2006, é colunista da Folha e âncora do programa “O É da Coisa”, na BandNews FM.

Sobre o blog

O "Blog do Reinaldo Azevedo" trata principalmente de política; envereda, quando necessário — e frequentemente é necessário —, pela economia e por temas que dizem respeito à cultura e aos costumes. É uma das páginas pessoais mais longevas do país: vai completar 13 anos no dia 24 de junho.