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Reinaldo Azevedo

Fux, Rosa e país entre supostos escravos e nababos mais do que reais. Que piada grotesca!

Reinaldo Azevedo

25/10/2017 08h52

O Quarteto Fantástico do Supremo — Roberto Barroso, Luiz Fux, Rosa Weber e Edson Fachin — vai fazer história, não duvidem um só segundo. Quanto a Rosa e sua liminar destrambelhada, acreditem: incomoda-me menos que ela tenha concedido a dita-cuja contra a Portaria 1.129 — que, de resto, talvez devesse mesmo, desde o começo, ter tramitado na forma de um projeto de lei — do que a parvoíce dos argumentos.

O que me irrita, em suma, é que tenha caído na onda, no alarido público das minorias militantes, contribuindo para distorcer o que está claro no texto, ainda que um tanto desorganizado. Não há flerte nenhum com trabalho escravo, como dá a entender a ministra em sua liminar, ou agressão a direitos fundamentais. Isso é apenas uma mentira escandalosa. De tudo o que se berrou por aí, só uma coisa seria verdadeira se a portaria passasse a vigorar com a atual redação: acabaria o superpoder do fiscal do trabalho, que, não raro, atua mais como militante político do que como representante do Estado. Sim, é verdade: um colega seu pode fazer vista grossa a abusos evidentes. Mas esse problema não anula o outro. Em vez de uma deficiência, então, há duas.

Ocorre que estamos na fase da embaixadinha para a torcida. Fazer o quê? O quarteto de que falo aqui não teve pejo nenhum de transformar o Poder Judiciário numa delegacia de polícia do Poder Legislativo e de, ministros que são, se comportar como carcereiros de parlamentares. Segundo os doutores, assim deve ser porque todos são iguais perante a lei, ladainha repetida por Luiz Fux quando defendeu as medidas cautelares contra Aécio Neves.

Quando, no entanto, o assunto são os privilégios de juízes e membros do Ministério Público, Fux pensa um pouco diferente. O que escreveu mesmo em sua liminar em defesa do inaceitável privilégio de se pagar auxílio-moradia a quem não precisa? Ah, lembrei: "E nem se diga que o referido benefício revela um exagero ou algo imoral ou incompatível. Cada categoria de trabalhador possui direitos, deveres e verbas que lhe são próprias".

Fora aqueles que ele considera "diferentes", todos são iguais perante a lei.

Agora ficou claríssimo!

Rosa e Fux entre nababos e escravos!

Sobre o autor

Reinaldo Azevedo, que publicou aqui o primeiro post no dia 24 de junho de 2006, é colunista da Folha e âncora do programa “O É da Coisa”, na BandNews FM.

Sobre o blog

O "Blog do Reinaldo Azevedo" trata principalmente de política; envereda, quando necessário — e frequentemente é necessário —, pela economia e por temas que dizem respeito à cultura e aos costumes. É uma das páginas pessoais mais longevas do país: vai completar 13 anos no dia 24 de junho.