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Reinaldo Azevedo

Janot se tornou refém de Eduardo Cunha, o primeiro que ele pegou, ainda em favor do PT

Reinaldo Azevedo

19/07/2017 16h53

Que fim patético o de Rodrigo Janot, não é mesmo?

Hoje, ele depende de Eduardo Cunha, aquele que se tornou o primeiro de sua lista — o que atendia, como todo mundo sabe, aos anseios do então governo Dilma Rousseff.

Ao longo do tempo, chamei a atenção para a obra deste senhor. Os processos que diziam respeito a Cunha andavam numa velocidade; os demais, em outra, bem menos acelerada, como sabe, por exemplo, Renan Calheiros.

Os casos de Michel Temer e Aécio Neves, então, são de uma celeridade espantosa, não é?

Notem: não houve, em ambos, qualquer outra diligência que não a delação de Joesley e o que chamaram de "ações controladas", que não passaram, na prática, de flagrantes armados. E mais nada. Nenhuma investigação adicional.

Acontece que Janot precisava derrubar Temer. E tinha de ser naquela semana. Como "exigiu" editorial do jornal "O Globo", a "ordem" era para o presidente renunciar. E o presidente não renunciou. Que ousadia! Que desobediente! Afinal, quem manda neste país? Aí as coisas se complicaram.

No dia em que o "Jornal Nacional" não mais decidir quem governa o Brasil, há o risco de o país virar uma democracia.

Foi preciso avançar com a denúncia. Então Janot teve de "fatiar" a dita-cuja: já que Rodrigo Loures foi flagrado com os R$ 500 mil, que se fizesse do presidente sócio daquele dinheiro. Com que prova? Ora, com nenhuma! Bastariam os plantões de Alessandro Molon e Randolfe Rodrigues na Globo…

Pois é, não bastaram.

E a "obstrução da investigação"? Bem, a tal gravação não traz aquilo que foi prometido; não registra o que disseram estar lá. E agora?

Bem, agora Janot ficou pendurado em Cunha. Que coisa, não? Ele se tornou refém de sua primeira vítima!

Só lhe falta implorar que o ex-deputado diga alguma coisa contra o presidente da República. Temer precisaria cair para Janot se limpar um tantinho do acordo pornográfico feito com Joesley Batista.

Por mais que algumas páginas sujas tentem lhe dar suporte e apoio, como direi?, moral, ele não conseguirá se livrar de sua obra.

Entrará para a história como o homem que deu imunidade ao maior bandido confesso da história do Brasil, que negociou essa impunidade em troca da cabeça do presidente da República, mesmo não havendo provas.

Que grande obra!

Sobre o autor

Reinaldo Azevedo, que publicou aqui o primeiro post no dia 24 de junho de 2006, é colunista da Folha e âncora do programa “O É da Coisa”, na BandNews FM.

Sobre o blog

O "Blog do Reinaldo Azevedo" trata principalmente de política; envereda, quando necessário — e frequentemente é necessário —, pela economia e por temas que dizem respeito à cultura e aos costumes. É uma das páginas pessoais mais longevas do país: vai completar 13 anos no dia 24 de junho.