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Reinaldo Azevedo

Previdência 2: Os tucanos não perceberam que Temer é nome de uma solução, não de um problema

Reinaldo Azevedo

01/12/2017 07h03

No sábado, estarão juntos. Talvez Alckmin consiga explicar a Temer por que diabos o PSDB quer deixar a base do governo e o que quer o partido para a Previdência…

O presidente Michel Temer, sua equipe e Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara, fazem um esforço sincero para votar em dois turnos, ainda neste ano, a reforma a que o governo pôde chegar — mitigada, sim, mas sem as concessões estúpidas propostas pelo tucanato. Se não se conseguir agora, a chance de que as coisas andem em 2018, ano eleitoral, são bem menores. Se a mudança fica a depender do Senado, haverá um constrangimento político para que se vote. Mas, por óbvio, é preciso ter pelo menos 308 votos na Câmara.

Neste sábado, Temer se encontra com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, virtual candidato do PSDB à Presidência e virtual presidente da legenda, o que vai ser referendado na convenção nacional do dia 9. Na pauta da conversa, estão os 46 votos que o partido tem na Câmara e o desembarque oficial do partido, que deve mesmo deixar o governo, ainda que Temer possa manter tucanos na Esplanada, mas na sua cota pessoal.

Embora não lhe reconheçam os méritos, Temer operou, nesse caso, com precisão cirúrgica. Ao deixar claro que seu governo chegará a bom termo com ou sem reforma; que não dará murro em ponta de faca se o Congresso, a sociedade e a imprensa deixarem claro não querer a  mudança, provocou uma onda de realismo. Parte da imprensa, ao menos isso, se mancou.

Viram-se os tais mercados a colocar preço na não-reforma e se perguntou o óbvio, chegando-se a resposta não menos óbvia: "Bem, mas, se não for feita agora, será feita quando? Algum candidato vai se comprometer com as mudanças na disputa eleitoral de 2018?" E também se fez uma constatação aterradora: ainda que o Congresso possa não ser o espelho da esperada fragmentação de votos na disputa pela Presidência em 2018, uma coisa é certa: imune a ela, o Parlamento de 2019 não será, certo?

Imaginem um Congresso ainda mais dividido do que o temos hoje, estando, eventualmente, na Presidência, um chefe que, na campanha, ou pregou contra a reforma ou com ela não se comprometeu. Nesse caso, o que nos aguarda? O desastre.

Sem reforma, a economia anda com razoável desenvoltura até meados de 2019. Depois começa a nova espiral para baixo. De novo!

Os tucanos, santo Deus!, não perceberam até agora que Michel Temer é o nome de uma solução, não de um problema.

Sobre o autor

Reinaldo Azevedo, que publicou aqui o primeiro post no dia 24 de junho de 2006, é colunista da Folha e âncora do programa “O É da Coisa”, na BandNews FM.

Sobre o blog

O "Blog do Reinaldo Azevedo" trata principalmente de política; envereda, quando necessário — e frequentemente é necessário —, pela economia e por temas que dizem respeito à cultura e aos costumes. É uma das páginas pessoais mais longevas do país: vai completar 13 anos no dia 24 de junho.