Topo

Reinaldo Azevedo

Procurador diz que Pelella, braço direito de Janot falou em eliminar "esqueletos do armário"

Reinaldo Azevedo

08/11/2017 19h26

Na Folha, comento mais tarde:

Em sessão secreta na CPI da JBS, o procurador Ângelo Goulart Villela disse ter ouvido de Eduardo Pelella, braço direito de Rodrigo Janot, que seria necessário apagar dados do sistema do Ministério Público Federal se Raquel Dodge fosse nomeada procuradora-geral.

Segundo Villela, a conversa aconteceu em sua casa, em um almoço, em abril, dias antes de a delação premiada de Joesley Batista ser conhecida –no dia 17 de maio.

Pelella e Villela eram amigos e se encontravam frequentemente fora dos locais de trabalho. A amizade acabou depois da colaboração dos empresários da gigante das carnes.

O procurador foi delatado pela JBS e denunciado por Janot por corrupção passiva, violação de sigilo funcional e obstrução de Justiça.

Ele ficou preso por 76 dias e agora está afastado das suas funções no Ministério Público.

Segundo apuração da Folha, Villela disse a senadores e deputados que a frase ouvida de Pelella foi de que seria preciso tirar "esqueletos dos armários".

De acordo com a versão do procurador, o braço direito de Janot não acreditava que Raquel seria nomeada, porque o presidente Michel Temer cairia antes da data da escolha em razão das delações, mas que as medidas de "limpeza" teriam de ser tomadas "caso" ela conseguisse chegar ao cargo.

Segundo relatos da sessão secreta, Villela disse não ter ouvido de Pelella o que exatamente teria de ser apagado.

Seu depoimento foi tomado na CPI no dia 27 de outubro.

Em entrevista à Folha, a primeira depois do período de prisão, Villela afirmou que o processo de colaboração premiada da JBS foi uma trama do ex-procurador-geral com o objetivo de derrubar Temer e impedir a nomeação de Raquel Dodge para substituí-lo no comando da PGR.

OUTRO LADO

Em nota, Eduardo Pelella diz que "as afirmações sobre uma suposta conversa são mentirosas e, mais uma vez, revelam a estratégia de um investigado pelo cometimento de crimes para desviar a atenção dos fatos que pesam contra si, acusando um dos integrantes da equipe responsável por revelar tais suspeitas."

"Eduardo Pelella reitera ainda que, em seus quase 15 anos como membro do Ministério Público Federal, teve sua conduta sempre pautada pela ética e correção", diz trecho da nota.

Sobre o autor

Reinaldo Azevedo, que publicou aqui o primeiro post no dia 24 de junho de 2006, é colunista da Folha e âncora do programa “O É da Coisa”, na BandNews FM.

Sobre o blog

O "Blog do Reinaldo Azevedo" trata principalmente de política; envereda, quando necessário — e frequentemente é necessário —, pela economia e por temas que dizem respeito à cultura e aos costumes. É uma das páginas pessoais mais longevas do país: vai completar 13 anos no dia 24 de junho.