Temer toma um Chicabon fora da agenda; Molon, da Rede (Globo), vai ao STF e depois ao “JN”
Vamos ver.
Não existe agenda secreta de presidente da República. A menos que se descubra que conspira contra o país ou pratica ilegalidades na surdina. Não basta um pistoleiro gravar fragmentos que induzam o ouvinte a aceitar a leitura do acusador. É preciso mais do que isso.
A lei que trata, ainda que de modo indireto, da divulgação da agenda é a 12.813, que versa, na verdade, sobre conflito de interesses.
No dia em que eu for eleito presidente — por aclamação, é claro! —, obrigarei os jornais, mesmo na fase de pouco papel, a aumentar o número de páginas dedicadas à especulação política. Não divulgarei agenda nenhuma! Se eu decidir tomar um Chicabon, quero um título: "Presidente toma Chicabon fora da agenda; Molon vai ao Supremo".
Qual é a polêmica da hora? Temer se encontrou com a líder do PSB, Tereza Cristina (MS), na manhã desta, na casa da parlamentar. Carlos Siqueira, presidente da sigla, não gostou. Para ele, o peemedebista "não agiu como presidente da República, mas como chefe de partido". Ui, ui, ui.
O PSB tem a pasta das Minas e Energia. Diz-se independente do governo, parte da legenda se comporta como oposição, mas nada de entregar o ministério. Siqueira é um burocrata cuja qualidade maior era ser o faz-tudo de Eduardo Campos, ex-governador de Pernambuco, morto em acidente aéreo em agosto de 2014. Seu feito político mais notável foi ser… homem de confiança! Ademais, não custa lembrar: Campos só não é um dos peixões mais graúdos do petrolão porque está morto. Até hoje, não se sabe nem quem era o verdadeiro dono do avião. Quem conhece o riscado jura: era de Campos!
"Temer teria ido falar com Tereza Cristina para tentar conter um movimento de migração de peessebistas insatisfeitos para o DEM, de Rodrigo Maia (RJ), presidente da Câmara." É mesmo? E daí?
Não sei se foi isso. A ser verdade, fez bem! Será que deveria assistir, impassível, a seu inimigo íntimo a lhe armar a cama de gato? Bem, eu não assistiria. Então Rodrigo Maia pode cuidar da sucessão presidencial, via golpe de estado branco, com um vice-presidente da Globo, e o chefe do Executivo não pode se encontrar com a líder do partido que detém um importante ministério?
Sabem o que acho o máximo nessa cascata toda? A suposição de que Temer deveria assistir impassível, sem mexer um músculo, à movimentação dos golpistas, inclusive os da imprensa.
Temer deveria testar não divulgar agenda nenhuma!
Cresceria a qualidade da ficção de setores da imprensa. As pessoas se obrigariam a ser mais imaginosas.