Tucanos contra a reforma não perderam o juízo, mas o senso de ridículo
O novo presidente do PSDB, Geraldo Alckmin, fez um primeiro aceno importante na convenção de sábado e defendeu a reforma. Mas já começa a experimentar a dificuldade que é presidir um partido e, ao mesmo tempo, ser candidato à Presidência da República. Alertei aqui que não seria fácil.
A esta altura, é evidente que os tucanos torcem para que a votação não aconteça. Qualquer resultado seria ruim para o partido menos um: a aprovação do texto, com um número expressivo de votos dos tucanos.
Caso o texto seja aprovado sem eles, evidencia-se a sua irrelevância. Se for reprovado com uma penca de "nãos" do partido, a turma entra para a história como quem apostou na quebra do sistema. Há uma situação, vá lá, intermediária: o texto vai à votação, o PSDB adere em massa, mas, ainda assim, não se conseguem os votos. Poderão dizer: "Não fomos os responsáveis".
Ocorre que a hesitação já é desastrosa para um partido que pretende disputar a Presidência da República. Se a reforma, que já é discreta, não for aprovada no governo Temer, o tema vai cair no colo dos candidatos de 2018. Já sabemos o que dirão Ciro Gomes (se candidato) e o petista. Mas o que há de dizer Alckmin? Vai defender a reforma, também como presidente de partido, não tendo conseguido nem mesmo unir a bancada federal.
Eu poderia dizer que os tucanos perderam o juízo. Mas acho que é um pouco pior: perderam o senso de ridículo.