Programa de Bolsonaro 4: o espantoso festival de bobagens e mentiras de que é capaz o lobby das armas: uma agressão aos fatos e à lógica
O lobby das armas é tão presente na candidatura de Bolsonaro que ganha um imenso destaque no tal "programa". Lemos estas pérolas:
– As armas são instrumentos, objetos inertes, que podem ser utilizadas para matar ou para salvar vidas. Isso depende de quem as está segurando: pessoas boas ou más. Um martelo não prega e uma faca não corta sem uma pessoa…
– EUA, Áustria, Alemanha, Suécia, Noruega, Finlândia, Israel, Suíça, Canadá, etc são países onde existe uma arma de fogo na maioria dos lares. Coincidentemente, o índice de homicídios por armas de fogo é muito menor que no Brasil. No Canadá, são 600 homicídios por ano! Em Israel 110 e Suíça 40!
– Peguemos o exemplo de nossos vizinhos: Chile, Uruguai, Argentina e Paraguai. Um tratamento estatístico mostrará uma correlação inversa entre armas nos lares e homicídios!;
– Já a Venezuela, que aumentou a restrição às armas da população civil, está com o dobro de homicídios do Brasil: quase 60 por 100 mil. Com 31 milhões de habitantes, matam 17 mil por ano! Seria como 120 mil homicídios no Brasil por ano!
Trata-se de um apanhado formidável de bobagens. Em todos os países europeus listados acima, alguns com forte tradição de caça, as pessoas podem ter arma em suas casas, mas o porte é proibido. É o que está no nosso Estatuto do Desarmamento.
As estatísticas em que Bolsonaro viu uma "correlação invertida" — seja lá o que isso signifique… — dizem respeito, como o próprio "programa" ilustra, à propriedade de uma arma, não ao fato de o indivíduo circular com ela pelas ruas, como quer o candidato.
É mentira que a Venezuela desarmou seus cidadãos. Trata-se de fake news. As milícias chavistas, que são civis, estão armadas até os dentes.
Nos EUA, com o mesmo IDH da Alemanha, o porte é realmente permitido: há perto de cinco mortos por 100 mil habitantes; na Aemanha, 0,7!!! Mata-se nos EUA seis vezes mais!
A única verdade dita na maçaroca de asneiras é que há uma correlação entre estados que prendem mais e um número menor de homicídios por 100 mil habitantes. Mas é preciso dizer o que fazer com os presídios. Bolsonaro ignora o assunto.
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