Programa de Bolsonaro 6: se candidato falhar, empresários entusiastas deveriam contratá-lo em apoio a armas na firma. E os números reais
E a coisa vai por aí. Não há uma única proposta objetiva no texto, a não ser a de fazer Paulo Guedes o verdadeiro presidente do Brasil. Bolsonaro seria apenas aquele que disputa os votos. Não é um programa de governo, mas uma chanchada liberaloide rebaixada, que tenta emprestar tintas de liberalismo ao reacionarismo mais obtuso. Se Bolsonaro falhar no seu intento, espero que os empresários Flávio Rocha, Meyer Nigri e Sebastião Bomfim lhe deem um lugar de destaque entre seus executivos. Se ele é bom para o Brasil, certamente seria um espetáculo na Riachuelo, na Tecnisa e na Centauro. Quem pode garantir que essas empresas não estejam infiltradas pelo Foro de São Paulo, pela ideologia de gênero e pelo desarmamentismo? Na porta dessas empresas, seria posto um detector de metal para, ao identificar um funcionário armado, colocá-lo na fila que disputa "o funcionário do mês".
Em tempo, e estes são números reais: entre 1980 e 2014, morreram 977.981 pessoas no país vítimas de armas de fogo — em 85% dos casos, homicídios. Os dados não foram tirados do cotovelo nem, claro!, do rico lobby das armas. São números do Mapa da Violência. O Estatuto do desarmamento é de 2003. Permite, reitero, que o sujeito tenha uma arma em casa e cria severas restrições ao porte em ambientes públicos. Há estados em que violência cresceu brutalmente no período, e há outros, em que caiu de modo eloquente, como é o caso de São Paulo.
Estou entre aqueles que acreditam que o "Estatuto" não é relevante nem num caso nem em outro. O que conta é a eficiência ou não de políticas de segurança pública. Uma coisa, no entanto, é certa porque a experiência mundial prova ser certa: mais armas circulando aumenta o número de homicídios — e dos homicídios por causa fútil, por briga banal.
Em 2017, segundo o Fórum Nacional de Segurança Pública, caiu o número de latrocínios — roubo seguido de morte —, mas cresceu o número de homicídios. A causa das armas é indefensável a não ser por razão exclusivamente ideológica, que ignora a realidade, ou por interesse: o lobby das armas paga bem.