Topo

Reinaldo Azevedo

Sem Serra, disputa no PSDB para governo tende a ficar entre Doria e D’Ávila; a opção segura é uma só: a realização de prévias

Reinaldo Azevedo

20/01/2018 05h54

D'Ávila, Doria, Pesaro e Anibal: sem Serra na disputa, as prévias são o caminho seguro

Tinha-se como muito provável que, caso José Serra decidisse disputar o governo de São Paulo, o PSDB acabaria não fazendo prévias. Dados os relevantes serviços prestados pelo senador ao partido, os cargos que já ocupou, a liderança intelectual que exerce etc., acabaria se sagrando o nome da legenda. Mas Serra está fora da corrida. E agora?

Bem, agora não vejo caminho alternativo às prévias, um modelo que o próprio partido consagrou na disputa pela Prefeitura de São Paulo. E que se mostrou exitoso, não é mesmo? Note-se: número em pesquisas eleitorais, a esta altura, não pode ser considerado o critério mais relevante.

"Ah, está falando isso só porque João Doria aparece com um índice maior, e você quer Fulano!?" Não!!! ESTOU FALANDO ISSO PORQUE, SE NÚMERO FOSSE O CRITÉRIO A DEFINIR O CANDIDATO, ENTÃO NÃO PODERIA TER SIDO DORIA A DISPUTAR A PREFEITURA, CERTO? Saiu de quase zero, venceu as prévias, disputou e ganhou, levando o cargo no primeiro turno, feito inédito no cargo desde que a eleição é disputada em duas etapas.

Não é segredo para ninguém, claro!, que Doria é um dos pré-candidatos. Minha opinião é conhecida, inclusive por ele. Acho que tem de ficar na Prefeitura de São Paulo. Penso que, assim, colabora mais para a quase certa candidatura de Geraldo Alckmin à Presidência do que se disputar o governo do Estado. Nas condições de hoje, é evidente que ele é um nome forte. Mas todo politico prudente deve ficar de olho na volatilidade da política nos dias que correm. Caso renuncie à Prefeitura para tentar o Palácio dos Bandeirantes, os adversários saberão fazer um bom mau uso do episódio. Aquilo que é um ativo de Doria — a sua gestão dinâmica à frente da cidade — pode se voltar contra ele, contra o PSDB e até contra o presidenciável do partido.

Por outro lado, reconheça-se, a tentação é grande. Com a desistência de Serra, inexistem nomes consolidados na política paulista. A safra nunca foi tão carente de figurões conhecidos. Como diria o poeta, só existe firmeza na inconstância. Estão na corrida o cientista político Luiz Felipe D'Ávila, o secretário de Desenvolvimento Social de São Paulo, Floriano Pesaro, e o ex-senador José Aníbal.

Internamente, especula-se quem seria o predileto de Alckmin. Seja quem for, acho que o governador tem de resistir à tentação do dedaço. Até porque o vice-governador, Márcio França (PSB), seu substituto nos Bandeirantes caso se desincompatibilize, vai concorrer. Por óbvio, o tucano há de ter com ele uma relação amena. Também França será um "candidato de Alckmin", ainda que não conte com seu apoio formal. Nota à margem: não faz o menor sentido a suposição de que o governador, provável presidenciável do PSDB, possa fazer do peessebista seu candidato. O PSB caminha para uma aliança nacional com o PT. A possibilidade de o PSDB não ter seu próprio nome ao governo de São Paulo está muito abaixo de zero.

Quem acompanha a vida partidária acha que a disputa acabará ficando entre Doria e D'Ávila, os dois que mais estão se movimentando dentro do partido. O que fazer? Bem, havendo mais de um postulante, parece que o caminho seguro é um só: a realização de previas.

Sobre o autor

Reinaldo Azevedo, que publicou aqui o primeiro post no dia 24 de junho de 2006, é colunista da Folha e âncora do programa “O É da Coisa”, na BandNews FM.

Sobre o blog

O "Blog do Reinaldo Azevedo" trata principalmente de política; envereda, quando necessário — e frequentemente é necessário —, pela economia e por temas que dizem respeito à cultura e aos costumes. É uma das páginas pessoais mais longevas do país: vai completar 13 anos no dia 24 de junho.