Temer, Maia e Meirelles no jogo eleitoral; não serão caudatários do PSDB. 2018 à vista-3
Ainda que o governo de Michel Temer não tivesse uma boa folha de serviços, a tendência seria ter um candidato. Mais ainda com os resultados alcançados até aqui. Os tucanos, que resolveram romper com o governo, atendendo a um alarido burro e precipitado dos tais "cabeças pretas", assistem de asas atadas ao surgimento, sim, de uma candidatura alinhada com o presidente. As articulações voltaram a passar pelo nome de Henrique Meirelles, ministro da Fazenda, que está no PSD de Gilberto Kassab, mas nada que não possa ser mudado; passam por Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara e, obviamente, têm no centro do tabuleiro aquele que vive a ser imprudentemente (para quem assim age) subestimado: Michel Temer.
Meirelles poderia ser o cabeça de chapa do PMDB tendo Maia como vice? É uma das possibilidades. Mas não se deve descartar, por óbvio, o nome do próprio presidente. Se você não vê, agora, razões para isso, deve proceder a dois exercícios:
a: responder por que não foi à rua pregar "Fora, Temer";
b: comparar o país que ele recebeu e aquele que vai passar a seu sucessor — podendo, por que não?, ser ele mesmo, ainda que isso possa parecer, hoje em dia, improvável.
Ora, resolver deixar ao relento um político notório por sua habilidade e capacidade de atuar nos bastidores, apostando que vá caminhar, sem luta, para o isolamento, constitui um erro e tanto. O PSDB poderia ser a legenda a falar também em nome das virtudes do governo Temer, constituindo-se, então, no eixo de uma sólida união de forças de centro? Poderia, sim. Mas o imediatismo e uma certa tacanhice na leitura do futuro de médio prazo tornaram tudo mais difícil.
Meirelles manda dizer que está na pista. Teria estabelecido, o que me parece bobagem, atingir um patamar de 5% em março para levar adiante o pleito. Na conjuntura atual, não é coisa trivial. Observem que Geraldo Alckimin e João Dória, depois de tanto esforço, ainda não alcançaram dois dígitos nas pesquisas. De toda sorte, a articulação está em curso e envolve PMDB e DEM, com diálogos abertos com PP, PR e PSD, todos também na mira de Geraldo Alckmin.
O PSDB cometeu um erro, que pode lhe custar muito caro, por ter-se deixado sequestrar pelo MPF. À primeira grande onda, em vez de segurar o timão, ajeitar as velas e buscar aprumar o navio, teve uma ideia: "Por que a gente não joga Michel Temer e Aécio Neves ao mar?" Foi certamente uma má ideia.
Sim, há muitas ondas pela frente. Como diria, Gregório de Matos, a firmeza só está na inconstância, mas uma coisa é certa: Temer terá candidato em 2018. Ou será candidato em 2018.
Alguém seria capaz de dizer por que haveria ser diferente?