Tucanos podem ter recuperado o juízo e redescoberto o real adversário
Os tucanos podem ter começado a pôr a cabeça no lugar. A ver. Dado um partido que andou fazendo bobagens em série, convém ter prudência. Sabemos que Lula e o PT serão os alvos principais de Geraldo Alckmin no discurso que fará neste sábado, na convenção nacional tucana que o aclamará presidente do partido. É o que faz sentido.
Ridícula e sem propósito era a determinação de setores da legenda, com as quais Alckmin flertou, que pretendiam — e alguns pretendem ainda — fazer oposição ao presidente Michel Temer e a seu governo. Constatou-se, ademais, tratar-se de um discurso falacioso. Por quê?
Os tucanos viviam por aí a dizer que deixar a base do governo não implicava votar contra o país. Seguiriam, por exemplo, a apoiar as reformas. Não foi o que se viu. A ala "rompicionista" é também aquela que pretende fugir do debate da Previdência, com medo da reação das urnas.
Alckmin, cumpre notar, exerce enorme influência na bancada de deputados federais de São Paulo. E estes votaram nas duas denúncias contra Temer para derrubar o presidente. Vale dizer: não havia apenas o propósito de se desligar do governo; essa fatia quis mesmo foi achar um lugar na oposição, o que é uma estratégia que ultrapassa a linha do ridículo.
Ao focar a crítica em Lula e no PT, Alckmin e o PSDB lembram, então, onde estão os verdadeiros adversários.
Isso quer dizer que o PMDB cerrará fileiras com Alckmin? Ainda é cedo para isso. Até porque o governador ainda não se comprometeu em ser um candidato que falará em defesa das muitas conquistas do governo Temer, de seu legado.
Sem essa combinação e essa certeza, o PMDB pode vir a ser o eixo de uma outra candidatura de centro, o que seria muito ruim para Alckmin.