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Reinaldo Azevedo

Vejam o peso da denúncia irresponsável feita pelo então procurador-geral. Jucá no avião-4

Reinaldo Azevedo

01/12/2017 03h21

Rodrigo Janot: vamos convir, a coisa se tornou um tanto assustadora, não?

Quem assistiu ao vídeo notou que aquela senhora que ataca o senador Romero Jucá (PMDB-RR) pergunta se ele "estancou a sangria". Trata-se da tal frase, gravada num dos telefonemas de Sérgio Machado — o delator mais premiado do Brasil (só perdia para Joesley Batista) —, que serviu de pretexto para Rodrigo Janot denunciá-lo por obstrução da Lava Jato, tendo o desplante de pedir sua prisão preventiva.

Muito bem! A Polícia Federal abriu inquérito para apurar, então, as tais obstruções praticadas por Jucá. Não encontrou uma vírgula, nada, ação nenhuma, zero vezes zero.

O mesmo Janot que pediu cadeia teve de pedir o arquivamento do processo. Não sem ter tido a cara de pau de dizer que o senador só não cometeu crime porque ele, Janot, denunciou antes.

O ex-procurador é um portento. Criou figuras novas no direito: "a denúncia preventiva", que é esta de que falo, e o "réu que antecede a aceitação da denúncia" — nesse caso, numa resposta ao delegado-geral da PF, Fernando Segovia.

Eis aí a evidência do mal que não tem volta.

Janot denunciou. A imprensa arregaçou a coisa em títulos gigantes. Jucá caiu — saiu do Ministério do Planejamento. A PF investigou. O crime não havia acontecido. O próprio MPF investigou. O crime não havia acontecido. Mas ali está a acusação a lhe pesar nos ombros, explorada pela saliente passageira.

A propósito: ela, agora, também é conhecida. Imaginem se um adversário de ideologia resolver lhe aplicar o mesmo remédio… Não recomendo que o faça, não! Ao contrário.

Defendo lei que puna esse tipo de abuso justamente para que os fascistas fiquem dentro da casinha.

 

Sobre o autor

Reinaldo Azevedo, que publicou aqui o primeiro post no dia 24 de junho de 2006, é colunista da Folha e âncora do programa “O É da Coisa”, na BandNews FM.

Sobre o blog

O "Blog do Reinaldo Azevedo" trata principalmente de política; envereda, quando necessário — e frequentemente é necessário —, pela economia e por temas que dizem respeito à cultura e aos costumes. É uma das páginas pessoais mais longevas do país: vai completar 13 anos no dia 24 de junho.