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Reinaldo Azevedo

A sentença de Moro é de tal ordem fraca que tudo pode voltar à estaca zero no caso do tríplex, mas Lula não será candidato. E ponto!

Reinaldo Azevedo

29/06/2018 07h36

A sentença de Sérgio Moro que condenou Lula entrará para os anais do direito como exemplo do que não se deve fazer. É fraca e inconsistente. Já disse aqui várias vezes. O MPF denuncia o petista por ter recebido um apartamento como pagamento de propina decorrente de três contratos celebrados pela Petrobras com consórcio integrado pela OAS, e o juiz condena o ex-presidente por motivos diversos. Ao fazê-lo, nem toca nos contratos. Indagado a respeito, escreveu: "Este Juízo jamais afirmou, na sentença ou em lugar algum, que os valores obtidos pela construtora OAS nos contratos com a Petrobrás foram utilizados para pagamento da vantagem indevida para o ex-presidente". Ora, se é assim, por que era ele o juiz da causa, quando lhe cumpre cuidar dos casos derivados de corrupção na Petrobras? Há problemas também com as imputações. A acusação diz que Lula recebeu um apartamento como propina. Por que tal recebimento constituiria dois crimes: corrupção passiva e lavagem? Se o suposto pagamento tivesse sido feito em dinheiro vivo, para esconder embaixo da cama, seria só corrupção? Uma defesa competente consegue sapatear na sentença, tal a sua fragilidade. Mais: inexistem as provas. Tanto inexistem que Moro resolveu ignorar a denúncia.

Não são desprezíveis as possibilidades de esse processo ser anulado no Supremo ou voltar à estaca zero, com a distribuição a um novo juiz. Mas isso não vai ser decidido agora. Essas questões certamente integrarão o Recurso Extraordinário ao Supremo, com a ida do caso para a terceira instância. Mas vai se dar depois da eleição de outubro. Sim, existe a possibilidade — na verdade, possibilidades — de Lula deixar a cadeia à espera do trânsito em julgado. Há fragilidades que podem levar à nulidade. Mas Lula não será candidato. Ou o TSE dirá "não", em setembro, se lhe for dado arbitrar a respeito, ou o fará antes o STF.

Sobre o autor

Reinaldo Azevedo, que publicou aqui o primeiro post no dia 24 de junho de 2006, é colunista da Folha e âncora do programa “O É da Coisa”, na BandNews FM.

Sobre o blog

O "Blog do Reinaldo Azevedo" trata principalmente de política; envereda, quando necessário — e frequentemente é necessário —, pela economia e por temas que dizem respeito à cultura e aos costumes. É uma das páginas pessoais mais longevas do país: vai completar 13 anos no dia 24 de junho.