Barroso, o numinoso 2: Enganar jornalistas e direitistas xucros é facílimo! Já os advogados...
Ah, então, agora, Roberto Barroso diz que que a mudança no foro especial nada tem a ver com impunidade? É mesmo?
Não foi isso o que disse em seu voto. Para ele, o foro especial era causa de impunidade. Escreveu lá:
"Todas essas circunstâncias afetam negativamente a condução do processo, gerando prescrição e impunidade. Não por outro motivo, desde que o STF começou a julgar efetivamente ações penais contra parlamentares (a partir da EC 35/2001, que deixou de condicionar as ações à autorização da casa legislativa), já ocorreram mais de 200 casos de prescrição da pretensão punitiva em ações penais e inquéritos perante a Corte. Na própria ação penal em que se suscita a presente questão de ordem, as diversas declinações de competência estão prestes a gerar a prescrição pela pena provável, de modo a frustrar a realização da justiça, em caso de eventual condenação."
E a imprensa se quedou de quatro diante de seus argumentos. Arrastou outros sete colegas, ainda que um deles, Alexandre de Moraes, divirja parcialmente de seu voto.
Muito bem! Aquilo é o que o doutor diz para as câmeras. Sabe que renderá títulos de sites noticiosos e de jornais. Dispõe, hoje em dia, de uma emissora de televisão para defender a tese que quiser, sem contestação, e para bater nos seus adversários, ainda que com aquele seu jeito quase sempre delicado.
Mais uma declaração, esta de fevereiro de 2017:
"O sistema é feito para não funcionar. Mesmo quem defende a ideia de que o foro por prerrogativa de função não é um mal em si, não tem como deixar de reconhecer que ele se tornou uma perversão da Justiça. No presente caso, as diversas declinações de competência estão prestes a gerar a prescrição pela pena provável, de modo a frustrar a realização da justiça, em caso de eventual condenação".
Ora, tinha-se, pois, a impressão de que a lentidão é uma característica do Supremo e que a Justiça de primeiro grau no país é um exemplo de eficiência.
Enganar jornalista é fácil.
Enganar leitores, internautas, telespectadores é fácil.
Enganar esses grupelhos de direita que não sabem fazer o "O" com o copo, dando suporte ao mais esquerdista dos ministros do Supremo, é facílimo.
Mas o doutor sabe que, ao falar com advogados e operadores do direito, a coisa muda de figura. Aí ele teve de confessar: a mudança do foro, como ele a propõe, comportando-se como legislador, resolve um problema do Supremo. Mas não o problema da impunidade. Ou o brasileiro comum estaria muito bem assistido, não é mesmo?