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Reinaldo Azevedo

BRUMADINHO E O GOVERNO BOLSONARO 5: Ibama e meio ambiente não são influentes no governo. Eis uma questão de vida ou morte

Reinaldo Azevedo

26/01/2019 08h06

E agora chego ao governo Bolsonaro. Com efeito, general Hamilton Mourão tem razão: o que se viu nada tem a ver com este governo. Mas agora vem a minha pergunta: tudo o que o presidente Jair Bolsonaro e seus auxiliares dizem sobre licença ambiental caminha no sentido de se ter mais cuidado ou menos na hora de concedê-las? Tudo o que o presidente e seus auxiliares dizem sobre o Ibama concorre para dar ao órgão mais relevância ou menos nos conselhos e câmaras em que se discutem as licenças ambientais? O país tem nada menos de 790 barragens de rejeitos minerais. Boa parte delas, meus caros, está acima da cabeça das pessoas — vale dizer: abaixo dos megadepósitos, há cidades e povoados. Esta que rompeu estava na categoria daquelas consideradas seguras. Sim, na impossibilidade de mudar de lugar as barragens, seria preciso mudar as pessoas. Ou elas continuarão a morrer. E isso é muito caro. Como se vê, a avaliação técnica não é sinônimo de garantia de que não vá acontecer uma tragédia. E, ao contrário da metafísica influente, as exigências ambientais têm de se tornar mais severas, não menos.

Então, general Mourão, é preciso que o senhor diga ao governo que o senhor integra: "Isso tem tudo a ver com a gente. Vamos parar com essa conversa de relaxar os padrões de exigência na área ambiental. Temos de estimular outra cultura. A do relaxamento de padrões mata pessoas".

Sobre o autor

Reinaldo Azevedo, que publicou aqui o primeiro post no dia 24 de junho de 2006, é colunista da Folha e âncora do programa “O É da Coisa”, na BandNews FM.

Sobre o blog

O "Blog do Reinaldo Azevedo" trata principalmente de política; envereda, quando necessário — e frequentemente é necessário —, pela economia e por temas que dizem respeito à cultura e aos costumes. É uma das páginas pessoais mais longevas do país: vai completar 13 anos no dia 24 de junho.