CEF 2: Procurador do “je ne sais quoi” deu aula de delação a homem de Joesley e era, segundo empresário, interlocutor da JBS
Anselmo Lopes: segundo Joesley, o procurador teve papel importante na trama e na tramoia que quase derrubou Temer
O procurador Anselmo Lopes, que investiga "risco moral de desvirtuamento do mercado" (!?!?!?) na Caixa Econômica Federal e, a meu juízo, é ponta de lança de um movimento do MPF para pôr sob sua guarda as estatais, não é um qualquer. Longe disso! Ele está no centro de eventos que mal disfarçaram o odor de uma conspirata para derrubar o presidente Michel Temer. Refresco a memória de vocês.
De saída, note-se que ele era um dos braços armados de Rodrigo Janot no Ministério Público, particularmente na Procuradoria Geral da República. No dia 19 de fevereiro do ano passado, foi ele quem recebeu um telefonema de um intermediário de Joesley Batista, que estava interessado em debater, vejam vocês!, delação premiada!
No dia seguinte, Lopes e a delegada da PF Rubia Pinheiro, ambos da Operação Greenfield, deram uma "aula de delação" para o tal advogado, explicando como funciona a colaboração premiada. Menos de um mês depois, Joesley entrou no Palácio do Jaburu, acoitando um gravador, para gravar o presidente Michel Temer. A suposta data da gravação é 17 de março. Oficialmente, Janot afirmou que só ficou sabendo da existência de uma gravação em 27 de março, quanto teriam começado os entendimentos para a delação dos diretores da JBS.
Mas não é só isso, não. Lembram-se daqueles diálogos edificantes de Joesley com seu homem forte, Ricardo Saud, o diretor da mala? Pois é… Ao afirmar que Janot sempre soube da tramoia que buscava enredar Temer, afirmou o empresário:
"Não, não é o Marcelo [Miller]. Nós falamos pro Anselmo. O Anselmo que falou pro Pelella, que falou pra não sei quem lá, que falou pro Janot. O Janot está sabendo. Aí o Janot, espertão, o que o Janot falou? Bota pra foder. Bota pra foder. Põe pressão neles para eles entregar tudo".
Para lembrar: "Marcelo" é Marcelo Miller, o também homem forte de Janot que chegou a atuar, ao mesmo tempo, na PGR e na JBS; "Pelella" é Eduardo Pelella, chefe de gabinete do ex-procurador-geral e que também participou de reuniões com diretores da JBS antes da celebração do acordo de delação. E "Anselmo" é, por óbvio, "Anselmo Lopes". Observem que Joesley diz: "Nós falamos pro Anselmo…" Logo, Anselmo era um interlocutor da turma da JBS. E, como se nota, antes do acordo de delação.
Lopes agora, está com uma causa nova! Quer o controle das estatais. Sob o aplauso dos idiotas.
