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Reinaldo Azevedo

DECRETO DAS ARMAS 1: É irrelevante. Como não sabem o que fazer com as ilegais, Moro e Bolsonaro fingem fazer alguma coisa...

Reinaldo Azevedo

15/01/2019 16h50

Bolsonaro assina decreto dar armas, observado por Onyx Lorenzoni (esq.) e aplaudido por general Mourão e Sérgio Moro, o moralista

Como sou uma pessoa ocupada, não vou entrar nas páginas das hostes que fazem proselitismo pró-armas. Mas elas devem estar bravas, algumas com a mão no coldre — do berro legal, assim espero. O decreto assinado pelo presidente Jair Bolsonaro é irrelevante. Está aquiO Brasil continuará a ser um dos países mais armados do mundo, com uma quantidade expressiva de armas legais e uma não-sabida de armas ilegais. A julgar pelos 63 mil homicídios por ano, quase 80% praticados por meio de armas de fogo, não deve ser coisa pouca.

É verdade! Não sabendo como combater a violência, os governos que antecederam Bolsonaro fizeram proselitismo contra o armamento legal. Houve até um plebiscito em 2005 para proibir a venda legal das ditas-cujas. A coisa trazia uma piada implícita: como o Estado brasileiro não tomava as medidas adequadas — e não estou dizendo que seja fácil fazê-lo — para coibir as armas ilegais, por que não proibir as legais? A maioria da população não caiu no truque.

Agora, Bolsonaro faz o contrário, devidamente escoltado por Sérgio Moro, o ministro encarregado de cuidar de políticas públicas contra a violência: como eles também não têm a menor ideia de como combater o armamento ilegal, por que não propor uma medida que, potencialmente ao menos, aumenta o número de armas legais? O truque mental é primário e até vai enganar alguns trouxas: já que a bandidagem se arma à vontade, vamos aumentar a segurança das pessoas de bem.
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Sobre o autor

Reinaldo Azevedo, que publicou aqui o primeiro post no dia 24 de junho de 2006, é colunista da Folha e âncora do programa “O É da Coisa”, na BandNews FM.

Sobre o blog

O "Blog do Reinaldo Azevedo" trata principalmente de política; envereda, quando necessário — e frequentemente é necessário —, pela economia e por temas que dizem respeito à cultura e aos costumes. É uma das páginas pessoais mais longevas do país: vai completar 13 anos no dia 24 de junho.