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Reinaldo Azevedo

DESTRUIÇÃO DOS BUDAS 3: General Heleno tem de se cuidar: não pode ser porta-voz de quem produz notícias negativas; tarefa é outra

Reinaldo Azevedo

18/12/2018 15h41

Augusto Heleno, general da reserva: será do GSI, não porta-voz de maluquices

Então ficamos assim: um dia, dá na veneta de Mourão pedir a Santa Bárbara entalhada em madeira. Eu nem sabia — e ninguém sabia, nem Mourão — que o vice eleito é um frequentador assíduo do Palácio da Alvorada. De tanto visita-lo e de andar por suas larguezas, veio a ideia: "Ah, por que não mando essa Santa Bárbara lá para o Palácio do Jaburu, onde vou morar?"

O general Heleno é muito sabido, mas, mesmo assim, vou me permitir lhe fazer uma sugestão, nunca um conselho: melhor ter logo um porta-voz, e do tipo que respeita a imprensa, para essas coisas. Isso não é função de Gabinete da Segurança Institucional. Ou o senhor põe a sua credibilidade a serviço de histórias da Carochinha, não e mesmo general? E, por óbvio, o senhor sabe que estou certo.

Nem os jornalistas inventaram a história. Nem Mourão teve a ideia, do nada, de pedir a Santa Bárbara, cuja existência talvez até desconhecesse. De resto, convenham: Mourão é, sim, opiniático e altivo, mas não deve ser do tipo que pede que o presidente eleito se livre de peças de sua futura residência oficial para decorar a dele, general.

Há uma boa maneira de Bolsonaro e sua família se verem livres de notícias negativas: parar de produzir notícias negativas, na certeza de que, depois, nas redes sociais, pode-se dar um jeito.

Sim, a expectativa sobre o novo governo, apontam as pesquisas, é positiva. Mas informo aqui: só não percebe que a corrosão da imagem já começou quem não quer. E a imprensa não tem nada com isso. Os únicos responsáveis são os Bolsonaros.

Sobre o autor

Reinaldo Azevedo, que publicou aqui o primeiro post no dia 24 de junho de 2006, é colunista da Folha e âncora do programa “O É da Coisa”, na BandNews FM.

Sobre o blog

O "Blog do Reinaldo Azevedo" trata principalmente de política; envereda, quando necessário — e frequentemente é necessário —, pela economia e por temas que dizem respeito à cultura e aos costumes. É uma das páginas pessoais mais longevas do país: vai completar 13 anos no dia 24 de junho.