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Reinaldo Azevedo

Entre os ineditismos desta eleição, alguns vão se revelar vergonhosos, está a existência de dois segundos turnos; o outro será no dia 28

Reinaldo Azevedo

08/10/2018 07h47

As eleições de 2018 no Brasil serão conhecidas um dia por seus ineditismos, que a seu tempo deverão ser pensados. De algumas coisas, como povo, haveremos de sentir até algum orgulho; de outras, uma profunda vergonha e haveremos de nos perguntar, ainda que por Intermédio de gerações futuras: "Como foi possível um troço como aquele? Mas aconteceu". Cada coisa a seu tempo. Vamos a um dos ineditismos que interessam agora: haverá dois segundos turnos. E antes que os de sempre reclamem dos institutos de pesquisa, que não têm como adivinhar movimentações do eleitorado no último dia, destaque-se: Ibope e Datafolha, com efeito previram menos votos válidos para Jair Bolsonaro. Mas também para Fernando Haddad.

O candidato do PSL obteve 46,03% dos votos válidos. O Datafolha de sábado à noite antevia 40%; o Ibope, 41% — logo, o presidenciável ficou com 4,03 pontos além da margem de erro em um e 3,03 em outro. Para o petista, os dois institutos apontavam 25% — 27% no máximo. E, no entanto, ele obteve 29,28%. Erro? Bem, aí é preciso verificar o que aconteceu com a candidatura de Marina Silva (Rede), que ficou com 1% dos votos apenas. O Mais provável? Que seus eleitores tenham migrado para Haddad. Da mesma sorte, um candidato do terreno antipetista viu minguar seu percentual: é muito provável que parte considerável dos eleitores de Geraldo Alckmin tenha ido para Bolsonaro já nessa primeira rodada: o tucano viu os 8% que lhe davam os dois institutos se transformar em 4,76%. O PSDB não ficava fora da disputa final das eleições presidenciais desde 1989. Em 1994 e 1998, venceu no primeiro turno. Esteve no segundo em 2002, 2006, 2010 e 2014. Desta vez, não.

Assim, parte considerável do eleitorado que não quer a volta do PT enxergou no candidato do PSL a chance de liquidar a parada já na primeira etapa. Mas é bom que se considere que, no campo da esquerda, o movimento não seu deu. Marina sofreu uma desidratação eleitoral certamente surpreendente. Mas Ciro Gomes, do PDT, que fala uma linguagem de esquerda e tem um programa de esquerda, se mostrou bastante resiliente: 12,47% dos votos válidos — o Ibope lhe conferia 13%, e o Datafolha, 15%. Na margem de erro, pois.

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Sobre o autor

Reinaldo Azevedo, que publicou aqui o primeiro post no dia 24 de junho de 2006, é colunista da Folha e âncora do programa “O É da Coisa”, na BandNews FM.

Sobre o blog

O "Blog do Reinaldo Azevedo" trata principalmente de política; envereda, quando necessário — e frequentemente é necessário —, pela economia e por temas que dizem respeito à cultura e aos costumes. É uma das páginas pessoais mais longevas do país: vai completar 13 anos no dia 24 de junho.